Globo paga por Copa América no Brasil um terço do Paulista: R$ 51 mi
A Globo pagará por todos os direitos da Copa América-2019 no Brasil R$ 51 milhões – um valor que, comparando com outros torneios transmitidos pela emissora, representa um terço do que foi pago pelo Campeonato Paulista. O dado consta do contrato obtido pelo blog em colaboração com o programa jornalístico "Sin Falta" do Paraguai.
O contrato firmado diretamente entre a Globo e a Conmebol foi assinado em 2010 e envolve duas edições da Copa América (2015 e 2019), mais todos os campeonatos sul-americanos sub-17 e sub-20 do período. Quem assinou pela Conmebol foi o ex-presidente da Conmebol Nicolás Leóz que está em prisão domiciliar no Paraguai por acusações de corrupção no caso Fifa.
Na Justiça dos EUA, o ex-executivo da Torneos Alejandro Burzaco acusou a Globo de pagar propina por direitos da Libertadores e da Copa do Mundo. A emissora nega essas acusações. Há ainda denúncia de que contratos da Copa América obtidos pela Datisa foram fruto de subornos.
Pelo contrato direto entre Globo e Conmebol, a emissora fez uma oferta à confederação pela Copa América e seu comitê executivo aceitou. Ou seja, não houve concorrência como está previsto ocorrer atualmente na confederação. A proposta era de pagar US$ 30 milhões (R$ 102 milhões) por duas edições da Copa América e mais os campeonatos de categorias de base.
Para efeito de comparação, um ano de contrato do Campeonato Paulista vale R$ 160 milhões e o Estadual do Rio tem valor de R$ 120 milhões. Ressalte-se que o Paulista e o Carioca tem 18 datas em TV Aberta com quatro times grandes por quatro meses. A Copa América terá maior visibilidade concentrada com até seis jogos da seleção que todo país assistirá, além de Messi e a Argentina, por um pouco menos de um mês.
Em 2010, época da assinatura do contrato, estava previsto que a Copa América de 2015 seria no Brasil. Posteriormente, houve uma troca com o Chile que ficou com esta edição, e o Brasil se tornou sede de 2019. Ou seja, a Conmebol sabia que estava vendendo sua principal competições de seleção para a maior rede do país.
Ao mesmo tempo, era um período com menor concorrência entre televisões a cabo já que não existia a Fox Sports e o Esporte Interativo não tinha a capacidade de investimento atual. Houve crescimento do valor de direitos esportivos. Em compensação, a Record estava investindo no esporte, pois comprou os direitos da Olimpíada.
Pelo acordo entre a Globo e a Conmebol, a Copa América tem que ter um mínimo de 25 jogos. A Globo já realizou pagamento da maior parte do valor acertado. Pelo acordo, a emissora tem que pagar mais US$ 11 milhões até 30 dias antes da Copa América. O acordo engloba todos os direitos, incluindo internet, TV a cabo e aberta.
Foi dada à emissora brasileira também o direito de preferência sobre renovação do acordo. Isso significa que para a próxima Copa América a Globo terá direito de igualar a melhor proposta de outra TV que tem que ser apresentada pela Conmebol.
A gestão do presidente da confederação sul-americana, Alejandro Dominguez, ficou surpresa com a existência desse contrato com a Globo. Isso porque o documento não constava dos arquivos da entidade, tendo sumido no período dos antecessores. Foi a própria emissora que apresentou o documento.
Com isso, a Conmebol teve restrito os seus direitos de negociação, reduzindo a receita com a Copa América. O contrato da Globo é considerado abaixo do que vale o mercado dentro da confederação que até pensa em negociar um aumento. Após uma licitação, a confederação sul-americana cedeu a MP & Silva a responsabilidade de vender os direitos da Copa América, excluindo o que já fora negociado.
Questionada pelo blog, a emissora defendeu a lisura do contrato: 'Em 2010, o Grupo Globo negociou de boa-fé os direitos de transmissão da Copa América, edições de 2015 e 2019, em valores de mercado. Nas suas relações comerciais, como aliás, em todas as suas atividades, nada é mais importante para o Grupo Globo do que adotar práticas éticas e transparentes'.
A Globo não respondeu se a assinatura do acordo era feita por Marcelo Campos Pinto, ex-executivo da entidade acusado nos EUA de participar da negociação de propina a dirigentes. Em processo na Justiça norte-americana, a emissora foi acusada por delatores de pagar propinas a ex-dirigentes da Conmebol para obter direitos de competições sul-americanas, mas tal denúncia não tem qualquer citação a esse acordo pela Copa América-2019.
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