Não adianta CBF afastar juiz se não muda seu sistema de arbitragem
Era ainda início de jogo quando o árbitro Fifa Wagner Reway viu um pênalti contra o Flamengo em bola que pegou na cabeça de Éverton Ribeiro, marcou pênalti e o expulsou. Depois, seu trio não viu impedimento claro no gol do rubro-negro carioca diante do Vitória. A partir daí, o roteiro era esperado: a CBF afasta o árbitro e admite o erro grave como ocorreu domingo. E isso adianta alguma coisa?
Não é o que mostram os equívocos anteriores, todos muito parecidos. No ano passado, o árbitro Grazianni Rocha foi afastado pela CBF após marcar também um pênalti para o Sport em que a bola bateu na cabeça de um jogador do Atlético-PR. Fez o mesmo com o bandeira que viu impedimento de Jô inexistente contra o Flamengo. E poupou só Elmo Resende que não viu mão de Jô em gol contra o Vasco.
Mas o roteiro do afastamento, da reciclagem, é conhecido na confederação. Acalma o clube revoltado, tira o árbitro equivocado do foco por alguns jogos.
Só que isso não tem mostrado nenhum efeito a longo prazo com melhoria da arbitragem nacional. Houve erros bizarros no Brasileiro-2017, em 2016 igualmente houve questionamentos à atuação dos juízes, e o mesmo em 2015.
Mudou-se o chefe de arbitragem, com a entrada do coronel Marcos Marinho, houve transparência ao se exibir os erros, algumas instruções, mas, no geral, não mudou o sistema do apito nacional. Segue sob o comando da CBF que resiste a investir porque não quer gastar dinheiro com o Brasileiro.
Então os árbitros nacionais são amadores em meio a uma série de profissionais porque a confederação não quer vínculos empregatícios e salários. Há até pressão do Ministério Público do Trabalho nesse sentido, mas a confederação luta contra.
A CBF também não quis investir no árbitro de vídeo, jogando toda a conta para cima dos clubes. Como se a entidade não lucrasse o bastante com a exploração do futebol brasileiro. Os clubes que votaram contra também erraram porque não questionaram a entidade. E, obviamente, a confederação não libera o Brasileiro para uma liga que poderia se estruturar para pagar a conta sozinha.
Não é só isso. Está claro que a formação de árbitros nacionais é deficiente. Wagner Reway não é um qualquer: está no topo da cadeia da arbitragem nacional, entre os 10 melhores por ser Fifa. Ora, um cara desse não vê uma bola na cara e um impedimento de dois metros, neste caso com o bandeira.
É de se pensar se a CBF não deveria importar um dos responsáveis por departamentos de arbitragem europeus para estruturar a sua diretoria. Um ex-árbitro de prestígio que pudesse ao menos introduzir um know-how novo na confederação. De novo, isso precisaria de investimento.
A auditoria externa em relação ao que é feito na arbitragem da CBF para avaliar e analisar onde há os erros é outra ideia que foi apresentada pelo Flamengo no ano passado. Quando um setor não está funcionando, um olhar externo pode ser saudável para entender os erros.
A única estratégia que temos certeza que não vai dar certo é repetir o que foi feito nos anos anteriores: ouvir protestos veementes, afastar árbitros, dar instruções genéricas e esperar o próximo equívoco grave. As atitudes são tomadas pela CBF quando "inês é morta", como ressaltou Marcos Marinho, em entrevista ao Esporte Interativo.
Para completar, no domingo, o árbitro André Luis de Freitas marcou um pênalti inexistente nos acréscimos para o Vasco, quando viu falta em Rildo. Ao final do jogo, o goleiro atleticano Vitor lamentou que começa Brasileiro, acaba Brasileiro, e a arbitragem segue sendo o foco de polêmica. A primeira rodada indica que nada será diferente em 2018.
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