Liderança do Fla não tem nada a ver com ataque de vândalos ao time
Na sexta-feira, torcedores vândalos do Flamengo atacaram seus jogadores no aeroporto do Rio de Janeiro. No domingo, o time ganhou do Ceará e se tornou líder do Brasileiro. Havia, sim, motivo para rubro-negros estarem insatisfeitos com o rendimento de sua equipe antes a partida. A questão: havia uma reação justa e proporcional?
Primeiro, é importante que se diga que qualquer agressão é tão reprovável quanto inútil. Tolo é quem acha que os jogadores do Flamengo reagiram e ganharam porque foram pressionados: houve mudanças no time que não tiveram nada a ver com vontade. Dito isso, tentemos analisar a situação com dados mais presos à realidade.
O Flamengo faz uma temporada ruim, e mal planejada. Seu técnico escolhido foi embora (Rueda) e o improviso era meio acomodação, meio falta de imaginação (Carpegiani). Sobrou o time na mão do novato Maurício Barbieri que é uma incógnita.
De início, o time piorou. Foi ainda mais sem ideias do que com Carpegiani. Causava justa contrariedade na torcida rubro-negra: um elenco premiado (superestimado, diga-se) que não andava. A ponto de mal concluir a gol diante do Santa Fé na Libertadores.
O que se exibia em campo não animava, mas o time tinha um início médio no Brasileiro e estava na zona de classificação da Libertadores. Copo meio cheio, meio vazio. Lá foram os energúmenos tentar bater em jogador, atacar Diego (em má fase) e arremessar pipocas ao ar.
Não é fenômeno incomum no "novo futebol brasileiro". Ídolo recente alviverde, Dudu foi cobrado na porta de hotel e na internet por palmeirenses por que… O Palmeiras era líder no seu grupo na Libertadores, havia perdido um título paulista apertado para o rival. Fazia sentido? Saiu mais líder da Bombonera após vencer o Boca.
Poderia se procurar mais exemplo recentes: como a torcida santista que tentou invadir o CT e tacar pedras no início do Brasileiro de 2017 com o time então classificado na Libertadores e na Copa do Brasil. A violência não é nova no futebol nacional: quando um grande é ameaçado de rebaixamento ou sofre uma derrota vexaminosa, isso ocorre há anos. A novidade é que ocorra em situações que estão longe de ser extremas.
Um exemplo foi o tratamento ao meio Diego. Seu ano de 2018 não é brilhante. Teve raras boas atuações como contra o Emelec. No geral, tem tido dificuldade juntamente com o time. Mesmo assim, foi atacado como principal responsável pela crise rubro-negra, sendo que é um jogador que não se omite mesmo quando está mal.
Exige-se dele, e do restante do time do Flamengo, que corram. Como se já não estivesse correndo, como se só correr fosse a solução. Pois justamente o problema desse time rubro-negro em 2018 é correr errado, desorganizado, sem rumo. E quando acertam o rumo a coisa anda um pouco melhor.
Não foi a quase barbárie que melhorou o time carioca. Barbieri recuou Paquetá para atuar mais atrás, adiantando Diego, além de tirar Arão que erra muito passe. A saída de bola do Flamengo acelerou, e passou a pegar o adversário mais desarmado, ainda que seja um mais frágil como o Ceará. Os jogadores se aproximaram e houve uma melhor coordenação de movimentos para passes. O time correu com rumo.
Ao final, terceiro gol feito, Diego poderia ter mandado um cala boca, não festejar. Preferiu abraçar a torcida. Era um tapa de luva de pelica em quem quase o agrediu. Não se discute que o Flamengo tem vários problemas, em seu departamento de futebol, em seu time, etc. Merece cobranças. Mas a histeria de alguns é desproporcional como o que tem ocorrido como em boa parte dos times brasileiros.
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