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Rodrigo Mattos

Em reunião, Fifa diz a Guerrero que pena é do CAS e lava as mãos

rodrigomattos

22/05/2018 11h00

Em encontro com o atacante Paolo Guerrero, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, informou que a punição imposta a ele foi dada pelo CAS (tribunal do esporte), indicando que nada fará para mudar a decisão. Assim, praticamente acabam as esperanças do jogador de disputar o Mundial. A reunião foi marcada a pedido da federação peruana.

"Infantino expressou seu profundo entendimento do desapontamento de Guerrero por não poder jogar com o time do Peru na Copa-2018. Entretanto, o presidente da Fifa ressaltou o fato de a sanção ter sido imposta pelo CAS, depois de um apelação contra a decisão de um tribunal independente da Fifa", informou um porta-voz da Fifa.

A questão é que, no CAS (tribunal esportivo), a mesma Fifa tomou medidas que dificultaram a presença do atacante peruano na competição, segundo apurou o blog. Durante o julgamento no CAS, seriam avaliados dois pedidos: um era o da defesa do atacante que pedia sua absolvição, o outro era da Wada (Agência antidoping) que reivindicava o aumento da pena para dois anos.

Nos tribunais da Fifa, a punição ficou em seis meses, o que o liberava para atuar a partir de maio. A pena foi estabelecida por conta de um metabolito da cocaína encontrado na urina do jogador em partida da eliminatória da Copa que disputou pelo Peru.

A defesa de Guerrero se surpreendeu durante o julgamento porque representantes da Fifa colocaram que a pena deveria subir para um ano, em vez dos seis meses iniciais. Isso chegou a ser informado por um auxiliar jurídico peruano do atacante em entrevista no país, embora não confirmado oficialmente.

Em um segundo momento, houve uma questão sobre se a decisão do julgamento seria publicada junto com os argumentos do tribunal ou seria divulgada e tornada efetiva de imediato. Advogados de Guerrero pediram que tudo ocorresse junto, o que poderia ocorrer apenas depois da Copa. Assim, ele poderia jogar o Mundial e cumprir o restante da pena depois. A Wada até ensaiou concordar com a defesa do jogador.

Mas a Fifa não deu aval: entendeu que havia um problema se a decisão não se tornasse efetiva de imediato. Assim, a defesa do atacante ainda não tem todos os argumentos da decisão do CAS e, sem isso, não consegue recorrer ao tribunal federal suíço. Só poderia pedir um habeas corpus, o que é considerado improvável que seja concedido.

Depois disso, a federação peruana enviou um pedido para Infantino para que Guerrero fosse recebido em audiência, o que o presidente da Fifa aceitou e marcou para esta terça-feira, segundo jornais peruanos. Há ainda uma reivindicação da Fifpro (sindicato mundial de jogadores) para que a pena seja anulada e ele possa jogar a Copa. Essa movimentação conta com apoio dos capitães das seleções que enfrentarão o Peru na primeira fase da Copa.

O problema é que qualquer tipo de indulto da Fifa iria ferir a ordem jurídica esportiva, pois seria medida inédita e deixaria sob questionamento todas as decisões do CAS relacionadas à Copa. A ida de Guerrero à Suíça é considerada uma medida desesperada por advogados. Se tiver efeito, certamente causará um conflito da Fifa com a Wada e o CAS.

O blog questionou a Fifa que enviou a seguinte posição reproduzida na íntegra:

"Por requisição da Federação peruana, o presidente Gianni Infantino encontrou com Edwin Oviedo e o jogador internacional Paolo Guerrero na sede da Fifa. Durante o encontro, Oviedo e Guerrero expressaram suas visões sobre a sanção imposta ao jogador por violar as regras anti-doping. Infantino expressou seu profundo entendimento do desapontamento de Guerrero por não poder jogar com o time do Peru na Copa-2018. Entretanto, o presidente da Fifa ressaltou o fato de a sanção ter sido imposta pelo CAS, depois de um apelação contra a decisão de um tribunal independente da Fifa."

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.