Após Carille, Liga da Arábia Saudita paga dívida com Fla e mira atletas
O mercado brasileiro viu três negociação que aparentemente são aleatórias, mas que, na verdade, fazem parte de um mesmo movimento. O Corinthians perdeu seu técnico Fábio Carille, o Flamengo recebeu o valor de uma dívida após quatro anos de calote e o atleticano Otero foi contratado. Tudo isso faz parte de uma reestruturação do futebol da Arábia Saudita com o objetivo de virar uma potência no esporte, financeiramente e politicamente.
O futebol saudita tinha vários clubes com problemas financeiros, endividados, e por isso punidos pela Fifa. Por exemplo, o Al Nassr, que devia ao Flamengo, já estava fora da Champions da Ásia e com decisão de perda de pontos pendente que levaria ao rebaixamento. O Al Wehda também estava punido.
O príncipe Mohammed Bin Salman decidiu por uma reestruturação do futebol local com o objetivo de virar uma força política dentro do esporte e da Fifa, como mostrou o "New York Times". Já houve um encontro com o presidente da Fifa, Gianni Infantino, e uma articulação para formação de um grupo de países na Ásia dentro da Fifa.
Ao mesmo tempo, há uma possibilidade de entrar na Copa do Qatar-2022 caso o Mundial aumente de tamanho para 48 times. Em paralelo, há dinheiro da Arábia Saudita, junto ao japonês, na proposta de US$ 25 bilhões por um novo Mundial de Clubes e da Liga das Nações.
Localmente, o príncipe estabeleceu uma intervenção na liga nacional para resgatar clubes. Foi criado um fundo para cobrir todas as dívidas dos times. A informação é de que há dinheiro para cobrir 70% de todos os débitos.
Por isso, o Al Nassr procurou o Flamengo para pagar a dívida após quatro protelando. O dinheiro veio do fundo e foi negociado um acordo com pequeno desconto, com o clube carioca recebendo 5 milhões de euros líquido. Faltam apenas trâmites do Banco Central para o dinheiro entrar. Com o pagamento, o Al Nassr, um dos times sauditas mais populares, vai poder voltar à Champions League local.
No caso do Al Wedha, também houve injeção de dinheiro para dívida e para contratações. Por isso, o time levou Fábio Carille e agora fechou a contratação de Otero. Lembre-se que Carille, ao ser contratado, falou que havia um projeto grande da liga local. E, antes, outro time saudita quase o contratou.
Agentes brasileiros já foram procurados para identificarem outros atletas que possam ir para o país. A princípio, a procura é por jogadores de renome, tarimbados, que deem prestígio à liga saudita, não jovens jogadores como fazem os europeus.
A primeira parte do projeto saudita é pagar os débitos para limpar os nomes dos clubes e os devolverem as competições internacionais. Ainda é difícil saber qual o tamanho do investimento, e se vai se assemelhar ao chinês. Certo é que o príncipe decidiu botar a Arábia Saudita no mapa do futebol do novo para alavancar seus projetos relacionados à Fifa.
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