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Rodrigo Mattos

Com Fla, Maracanã se recupera e terá 50 jogos no ano operando no azul

rodrigomattos

07/06/2018 04h00


Quatro anos após a final da Copa-2014, o Maracanã se recupera do caos e tem um calendário cheio de cerca de 50 jogos previstos para o ano. A operação tem ocorrido com superávit operacional em 2017 e em 2018, segundo a concessionária pertencente à Odebrecht. Isso é possível principalmente pela volta do Flamengo ao Maracanã, no ano passado em jogos grandes e agora com mais frequência.

No início de 2017, o Maracanã viveu o seu pior momento ao chegar ao estado de abandono. Uma disputa entre o Comitê Rio-2016 e a Odebrecht levou o estádio a ficar fechado enquanto se decidia judicialmente quem seria responsável pela sua recuperação. Os organizadores da Olimpíada foram responsáveis por causar danos na cobertura, deixar equipamentos jogados pelos cantos e até permitir roubos. A partir daí, a Odebrecht foi obrigada judicialmente a retomar o estádio, enquanto seu futuro era decidido.

"Temos tido superávit operacional. Houve investimento em manutenção no estádio, para fechar os buracos da cobertura, melhoria no Maracãzinho, troca de bancos de reservas. E guardamos dinheiro provisionado para trocas de telão e som no futuro", contou o presidente da concessionária Maracanã, Mauro Darzé. "Há um déficit contábil se consideramos o valor da outorga ao governo. Mas, com isso, a conta não fecha."

A outorga está sendo discutida em arbitagem e a Odebrecht não a está pagando ao governo do Estado – seriam R$ 7 milhões por ano. A alegação é de que o Estado descumpriu o contrato ao modificá-lo e retirar a possibilidade de exploração econômica dos espaços do Célio de Barros e do Parque Julio Delamare, ambos tombados. A previsão é de que uma decisão só saia a partir do final do ano, enquanto o governo estuda a nova licitação.

Neste meio tempo, a Odebrecht só espera a oficialização de um acordo com o Flamengo já negociado de quatro anos para ter atividade garantida no estádio até o momento que venha a ter de entregá-lo. O Conselho Deliberativo votará no dia 11 de junho.

Com o clube rubro-negro, o Maracanã tem exatos 48 jogos confirmados no calendário. "Esse número deve ultrapassar 50 se Flamengo e Fluminense se classificarem na Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana", lembrou Darzé. Houve ainda quatro grandes shows, além de eventos menores.

Com isso, a expectativa é de um aumento no público total que vai ao estádio neste ano. Em 2017, foram 1,4 milhão de pessoas, contando os tours. Permanece a questão, no entanto, do estádio ser bastante caro para a utilização dos clubes. Neste ponto, a concessionária defende que cobra para bancar a manutenção e que, com mais jogos como no acordo do Flamengo, é possível reduzir custos.

No total, o Maracanã tem um gasto em torno de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões com manutenção, contabilizado aí dinheiro que fica em caixa para novos itens como troca futura de telão. Além disso, há o custo operacional que só de luz varia entre R$ 100 mil e R$ 150 mil. Outros custos são de empresas de segurança, grades, orientadores, bares, etc. Nos jogos do Flamengo, chegam a R$ 450 mil, nos do Flu, são mais baixos.

Garantido o contrato com o Flamengo, a concessionária reiniciará a venda de camarotes cuja renda reverte em parte para o clube. Isso porque, com a indefinição do futuro do estádio, todos os contratos antigos foram cancelados. Outros contratos de publicidade para exploração em partes da arquibancada e de bebidas também estão ou serão negociados. Clubes levam uma parte da comercialização de bebidas e comidas. Em relação aos investimentos, a intenção é trocar alguns equipamentos de som e o gramado no fundo do campo, que também foi destruído pela abertura da Olimpíada.

A questão é quanto tempo vai durar a administração da Conscessionária Maracanã. O processo de concessão foi marcado pela acusação de corrupção a membros do tribunal de contas do Estado em pagamentos feitos pela Odebrecht. Esse fato e a intenção da construtora de sair do negócio levaram o governo a anunciar nova licitação. Só que a imobilidade do governo de Luiz Fernando Pezão parou o processo. Certo é que, em termos de manutenção, o cenário melhorou, embora a indefinição ainda pese sobre o estádio.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.