Copa inchada e Mundial de Clubes viram chaves na disputa de poder da Fifa
O aumento da Copa do Mundo para 48 times já na próxima edição e a criação do novo Mundial de Clubes viraram chaves em uma briga por poder e dinheiro dentro da Fifa. Ambos os temas vão permear a agenda da reunião da cúpula da Fifa em Moscou, neste domingo. Não deve haver nenhuma decisão sobre os dois pontos até porque a falta de consenso adiará os tópicos para depois da Rússia.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, é patrono das duas iniciativas: vender um novo Mundial de Clubes para uma proposta bilionária de um grupo financeiro e aumentar a Copa já no Qatar-2022. Seu objetivo não declarado é usar esses projetos como trunfos políticos para se reeleger à presidência no próximo ano.
No caso da Copa, foi a Conmebol quem apresentou a proposta de elevar para 48 times a Copa do Mundo já em 2022 – para 2026, isto está aprovado. A reunião teve a presença de Infantino. Nos bastidores, a ideia não saiu dos cartolas sul-americanos. A própria federação do Qatar, que estava presente, deu aval para o aumento, segundo apurou o blog.
Infantino já classificou a ideia como positiva e a levou adiante para ser discutida no Congresso da Fifa, nesta quarta-feira. Em paralelo, analisa-se a viabilidade logística de realizar o aumento de times. Oficialmente, no entanto, ele se mostra cauteloso: reafirmou que só haveria a mudança se o Qatar aceitasse por conta do contrato. Mas o país arábe já deu um ok extra-oficial.
Se conseguir aprovar a ideia, Infantino, de cara, consegue oferecer 16 vagas a mais na Copa na próxima edição. Esses postos vão beneficiar mais confederações como a africana, a asiática e as das Américas. Juntas, elas ficariam com 13 das vagas. A Europa será a que percentualmente menos crescerá com o aumento do Mundial.
Ora, Infantino tem atualmente como maior opositor a UEFA, do presidente Aleksander Ceferin. É este dirigente, por exemplo, quem criticou de forma mais dura a ideia do presidente da Fifa de vender o novo Mundial de Clubes e a Liga das Nações para um grupo financeiro por US$ 25 bilhões.
Foi a pressão da UEFA que barrou a tentativa de Infantino de aprovar às pressas o Mundial de Clubes ainda antes da Copa. O assunto está na agenda do Conselho, mas membros da cúpula entendem que não haverá nenhuma medida definitiva sobre o caso. Isso justamente porque a posição firme da federação europeia impediu o dirigente da Fifa de acelerar o seu projeto.
A pressa de Infantino em aprovar o novo Mundial de Clubes é por conta da possibilidade de um grande volume de dinheiro na entidade. Assim, poderia distribuir esses recursos para federações nacionais, confederações continentais e clubes. Isso obviamente aumentaria seu capital político para a futura eleição como presidente.
Na América do Sul, há entusiasmo com o projeto por parte de dirigentes da Conmebol. Isso porque, além da Conmebol aumentar suas receitas, os clubes teriam uma receita extra e aumentariam sua força para tentar minimamente segurar seus jogadores para reduzir o abismo para os europeus.
Diante deste cenário, a reunião do Conselho da Fifa em Moscou promete não ter decisões definitivas, mas uma disputa quente nos bastidores para saber quem dominará os próximos passos. O aumento da Copa-2022 e o novo Mundial de Clubes devem ter uma definição no segundo semestre deste ano.
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