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Rodrigo Mattos

A conta do calote chega à mesa dos clubes

rodrigomattos

22/07/2018 04h00

Por anos, torcedores, jornalistas e dirigentes repetiam que a conta da gestão financeira irresponsável um dia chegaria aos clubes de futebol. De uma certa forma, há quem já pague esta dolorosa com a decadência gerada por um time mal gerido. Mas uma decisão da Fifa desta semana indica que, enfim, os clubes terão punições esportivas diretas por seus calotes.

O Comitê Disciplinar da entidade anunciou penas para times de Rússia, Turquia, Qatar e Emirados Árabes se não quitarem seus débitos com outras equipes ou com jogadores em prazos determinados. As sanções vão de proibição de registro de jogadores à perda de pontos em seus campeonatos nacionais, além de multas. As medidas terão de ser impostas pelas federações, ou estas serão também sancionadas.

As decisões têm relação direta com mudanças no regulamento de transferências de jogadores. Entre outras modificações, o novo texto tornou mais célere as punições para os clubes em caso de calotes, podendo ser realizadas já na primeira instância.

Ainda em junho, em caso anterior a esta mudança de legislação, a Fifa já sancionou o Atlético-MG com proibição de registrar jogadores caso não pague uma dívida com o Huachipato em 30 dias.

Essas medidas deixam claro que está condenada aquela tática de contratar, parcelar e pagar quando puder, deixando o problema para a diretoria posterior do clube. Agora, quem gastar além da conta e não quitar os débitos poderá sofrer problemas esportivos em pouco tempo.

Já era para ser uma prática por aqui caso a CBF agilizasse o licenciamento de clubes. Mecanismos europeus, que atualmente estão sob questionamento, obrigam clubes a controlar seus déficits, e assegurar pagamento para jogadores e outros times. A exclusão de competições é uma das penas como ocorreu com o Milan na Liga Europa. O clube, no entanto, recorreu ao CAS (tribunal esportivo) e suspendeu a pena.

Certo é que, mesmo sem uma norma mais rígida da CBF, os clubes brasileiros terão de pensar bem se podem arcar com determinados custos de transferências a partir de agora. Ou estarão arriscados a ter jogadores de renome, uma boa campanha… e perderem pontos na reta final do campeonato que disputarem.

PS Há uma outra conta que nada tem a ver com a Fifa que já chegou a alguns clubes que é a de excesso de gastos por anos que torna frágil a situação financeira para manter bons times, mesmo que não tenham dívidas por transferências. É o caso do Corinthians que não tem débitos por contratações ou com jogadores em grande volume, mas está submetido a um desmonte de sua equipe por falta de dinheiro para mante-lo. Ou como ocorre, em casos mais graves, com Vasco e Fluminense que gastaram além da conta por anos, e agora têm de lidar com o caos financeiro.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.