Erro em jogo do Inter mostra que não falta só VAR no Brasil: falta caráter
Quando entra na área disputando espaço com o atleticano Márcio Azevedo, o atacante colorado Rossi se joga na área. Não há nenhum toque que justifique sua queda espalhafatosa. Ainda assim, ele levanta as mãos e gesticula pedindo o pênalti. Orientado pelo auxiliar de fundo, o árbitro Rodrigo Ferreira (SC) lhe atende e marca a falta que dá a virada ao Inter sobre o Atlético-PR, nos acréscimos.
Seria só mais um erro grosseiro de arbitragem no Brasileiro não fosse a diretoria do time gaúcho a mais histérica do atual campeonato com seguidas insinuações de favorecimentos a rivais e a atitude de Rossi para enganar o juiz.
Há menos de dez dias o Internacional sofreu o empate do Vasco também em um pênalti mal marcado após Kelvin se jogar na área. Ao final do jogo, o vice de futebol colorado, Roberto Mello, afirmou sobre a arbitragem: "É um sentimento de tristeza, raiva, nojo." Em seguida, insinuou que times como Palmeiras e Flamengo eram favorecidos porque davam mais Ibope. O "eixo do mal Rio-SP", então, devia estar dormindo nos minutos finais da partida no Beira-Rio deste domingo.
O mesmo Mello, após partida contra o Santos, fez insinuações sobre a demora na repetição de um replay da Globo em jogo anterior. Alegou, de forma equivocada, que houve replay para ajudar o juiz de partida do Palmeiras. Aparentemente, esperava que o árbitro pudesse consultar a imagem da televisão no jogo do colorado, o que é ilegal, para poder mudar uma decisão.
O Internacional teve erros clamorosos a seu favor neste Brasileiro como um outro pênalti marcado em mão fora da área (diante do Vitória), ou um gol de Damião em impedimento claro (contra o Corinthians). Assim como houve erros graves contra o time colorado, como ocorreu com a maior parte parte dos times nacionais. Quando é contra, vê esquemas imaginários contra o time. Quando é a favor, se cala ou dá explicações tímidas.
Sim, a arbitragem brasileira é um desastre e não é só por falta de VAR. É por culpa da própria CBF que não a profissionaliza nem qualifica. Mas os dirigentes e jogadores brasileiros contribuem em muito para a forma distorcida como se desenvolvem as decisões no campo. Se todos os problemas da CBF fossem resolvidos, ainda assim o mal do nosso futebol não estaria sanado porque está entranhado em quase todo o futebol nacional.
Veja o exemplo de Rossi. Jogou-se na área de forma acintosa, exigiu a marcação, festejou o benefício e depois disse que, sim, estava tudo correto. Segundo a descrição do técnico Odair Hellmann, o jogador alega que encostaram nele. Tá bom.
Na realidade, Rossi e o Inter, assim como quase a totalidade dos dirigentes e jogadores nacionais, não querem uma arbitragem isenta como alegam. Cada vez que gritam contra um árbitro pelo erro de domingo é porque esperam ser recompensados por uma falha na próxima rodada.
Esse é um retrato do futebol brasileiro que reflete a nossa sociedade. A corrupção e o errado estão sempre no outro, nunca em nós. Não se está aqui a comparar atos de corrupção a enganar um juiz, apenas aponta-se que o princípio é o mesmo. Porque, quando o jeitinho é a favor, diante da indignação do rival prejudicado, a reação padrão do brasileiro médio é, rindo com desfaçatez, repetir: "Chora mais."
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