Enquanto conversa sobre futuro, Fla tem queda de renda com Maracanã
Ao mesmo tempo que conversa sobre o futuro do Maracanã, o Flamengo teve queda de receita líquida em sua volta ao estádio em 2018 em novo acordo com a Odebrecht e problemas no estádio. É o que mostra o balancete mais recente do clube. Na semana retrasada, a diretoria rubro-negra conversou com o governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), sobre uma concessão do estádio.
O balancete trimestral do Flamengo até setembro de 2018 mostra arrecadação de R$ 39,9 milhões em 37 jogos neste ano. Mas, desse total, apenas 14% foram para os cofres rubro-negros, isto é, R$ 5,9 milhões.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, a receita foi maior com R$ 47,3 milhões em 43 jogos o que também se explica por grandes públicos nas finais da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana. Neste caso, o clube ficou com 28% do total, sendo um total de R$ 13,3 milhões.
Essa diferença se explica pela mudança de estratégia do Flamengo neste ano. Abandonou a Arena do Urubu, onde tinha público menor e ingressos mais caros. Assinou novo acordo com a Odebrecht para uso do Maracanã até 2020 e abaixou o preço dos ingressos. Como resultado, teve sua melhor média de público no Brasileiro desde a década de 80, com 47 mil pessoas.
A questão é que a queda de custos do Maracanã combinada com a Odebrecht ocorreu em proporção pequena. Para se ter ideia, o clube ficou com apenas 18% das suas rendas no Brasileiro, quase todo disputado no Maracanã, percentual bem inferior aos 40% do ano passado.
A diretoria do clube entende como positiva a política por outros ganhos. Há rendas de comidas e bebidas (estima-se em R$ 200 mil por jogo), maior adesão do sócio-torcedor (que atingiu 100 mil) e um ganho da marca com o aumento de público no estádio. O Flamengo terá eleição presidencial neste final de ano. Segundo a situação atual, o contrato com a Odebrecht será mantido até 2020.
Além disso, houve problemas operacionais no período. O gramado esteve em mau estado a maior parte do tempo, o que gerou críticas de jogadores rubro-negros e obrigou ao fechamento do estádio. Na partida decisiva diante do Palmeiras, houve um apagão das luzes no meio do segundo tempo.
Ao mesmo tempo, o clube começou a conversar sobre o futuro. Em reunião, o presidente rubro-negro, Eduardo Bandeira de Mello, recebeu sinalização positiva de Witzel sobre a possibilidade de participação de agremiações na concorrência do Maracanã. Essa é uma reivindicação antiga do Flamengo.
O problema é que tanto o futuro governador quanto o time da Gávea não têm ideia de quando a Odebrecht sairá do estádio. A concessão à empreiteira já foi até anulada na primeira instância da Justiça pelas suspeitas de corrupção, mas o caso foi para recurso. Enquanto isso, arrasta-se um caso entre governo do estado e Odebrecht em tribunal de arbitragem.
A ideia do clube, se as condições forem favoráveis, seria oferecer-se para fazer obras de adaptação e assumir integralmente a gestão do estádio. O compromisso é incluir a obrigação de ceder o Maracanã para os outros três clubes quando quiserem jogar por lá – no caso do Fluminense, terá de ser negociado um acordo.
Questionado sobre o assunto, a assessoria de Witzel respondeu: "O governo do estado passou para a equipe de transição a situação atual da gestão do Maracanã e não há como definir o andamento na Justiça. As futuras ações para a gestão do estádio serão definidas durante o período de transição."
A diretoria do Flamengo desenvolveu projeto de estádio próprio durante a gestão Bandeira de Mello, mas este não foi à frente depois que um terreno se tornou inviável. A próxima gestão terá de decidir se retoma essa ideia ou insiste no Maracanã.
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