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Rodrigo Mattos

Uma final com o drama sul-americano na Europa premia o River

rodrigomattos

09/12/2018 19h36

O cenário era o Santiago Bernabéu, casa do time mais poderoso da Europa. Mas a cara da decisão era sul-americana: as duas torcidas cantavam muito mais do que fazem os espanhóis, havia a rivalidade histórica argentina maior do que as europeias e uma carga de dramaticidade típica do continente. Neste cenário, venceu o melhor time, o River Plate, com direito a um gol sem goleiro no final.

Lembremos antes todo o cenário que levou à final em Madri. As agressões de torcedores do River a jogadores do Boca Juniors impediram o jogo no Monumental de Nuñez em uma vergonha para o continente. Antes disso, o clube campeão protagonizou irregularidade com jogador que não podia estar em campo, Zucullini, e seu técnico Galhardo desrespeitou sua suspensão no jogo com o Grêmio.

Sim, isso mancha a conquista do River. Mas não nos tira a constatação de que venceu o melhor time do continente. Portanto, dentro de campo, o resultado refletiu quem tinha mais bola.

Não foi o que se viu, no entanto, no início do jogo. O River não conseguia impor seu jogo de posse de bola e triangulações, efetivo no primeiro jogo. Errava muitos passes.

Em compensação, o Boca era agressivo na marcação e na recuperação de bola, e veloz nos contra-ataques. Era melhor e podia ter aberto o placar já quando Nandez enfiou um passe longo, reto, em profundidade, para Benedetto. Com um corte seco, ele deixou só o zagueiro e tocou no canto.

Após o intervalo, o River Plate mudou. Sem Galhardo, suspenso, seu auxiliar colocou o colombiano Quintero em campo, enquanto do outro lado o Boca abria mão de Benedetto por Ábila. Foram movimentos decisivos para o resultado final.

Com o habilidoso meia em campo, no lugar do pouco produtivo Ponzio, o River passou a dominar as ações e encaixou o seu jogo. Foi uma tabela com participação de Quintero e Nacho Fernandez que resultou em conclusão de Pratto. O jogo era todo do River, o que se acentuou com a expulsão de Barrios.

A partir daí, já na prorrogação, era um bombardeio do River. Justo que o gol tenha saído pelos pés de Quintero, mais uma pintura. Após a tabela, ele enfiou a bola na gaveta para virar o jogo. Depois disso, restou o desespero ao Boca Juniors que até conseguiu meter uma bola na trave.

Mas, com seu goleiro Andrada jogando de atacante, sobrou a bola livre para Pity Martínez encerrar a Libertadores mais longa da história diante do gol vazio. Foi uma final que a organização da Conmebol não merecia, mas que o continente esperava que ocorresse quando os dois times chegaram à final.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.