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Rodrigo Mattos

Com Pelaipe, diretoria do Fla indica foco em comportamento do elenco

rodrigomattos

27/12/2018 04h00

A diretoria do Flamengo contratou Paulo Pelaipe para participar da gestão de elenco para 2018, sem atuar em contratações. Anteriormente, fechara com um técnico como Abel Braga que é reconhecido pela sua habilidade no vestiário. Os primeiros passos mostram um foco da nova cúpula em atuar em relação ao comportamento do elenco rubro-negro.

Durante a gestão de Eduardo Bandeira de Mello, havia uma relação próxima com os jogadores. O dirigente diz que isso nunca significou falta de cobrança, que ocorria, mas que não via necessidade de expo-los publicamente.

Neste ponto, a chapa de oposição discordava do último presidente rubro-negro, pois entende que, sim, faltava cobrança. O presidente Rodolfo Landim foi eleito muito pelo discurso de que, se ganhasse, seria mais duro com os jogadores em relação à atitude em campo. É o que ele e seus aliados têm defendido que ocorrerá desde que saíram vitoriosos. Vitória não é garantida, mas a cobrança tem de ser feita.

Neste sentido, contrataram Abel Braga um técnico reconhecidamente bom na gestão de jogadores. O treinador não tem obtido resultados positivos nos últimos anos, e seus times mais recentes estão longe do estilo do Flamengo atual, um time de posse e circulação de bola, dominando o adversário. Seu Fluminense de 2017 e 2018 era uma equipe que jogava mais no contra-ataque, em velocidade.

Estava disponível Jorge Sampaoli, que foi contratado pelo Santos, e já tinha sido desejo dos atuais dirigentes do Flamengo, em 2015. Seu estilo casava mais com o do Flamengo, mas ele já demonstrou problemas na gestão de seus jogadores com a Argentina – basta ver o caos que vivenciou durante a Copa. Desta vez, a contratação do argentino seria mais fácil, pois não havia multa. Os cartolas rubro-negros entenderam que era outro momento do clube e que necessitava de solução diferente.

A avaliação na diretoria é de que Abel tem capacidade de montar o time no atual estilo rubro-negro, com posse e domínio. Não o fazia em outros times por falta de peças. Mas está claro que a escolha foi também baseada no que o treinador pode dar em termos de gestão de grupo, mais do que no desempenho de seus times recentes.

A escolha de Pelaipe parece ter direção similar. Sua primeira passagem no clube foi marcada por dois títulos e um desacerto nas contratações, ainda que com alguns tiros corretos. Basta lembrar que sua principal aposta foi Carlos Eduardo, jogador que não vingou no clube, com exceções como Elias. Desta vez, não vai atuar em contratações. Seus resultados recentes em 2018 no Coritiba e Vasco também não justificariam uma escolha.

Ao mesmo tempo, Pelaipe tem a fama de ser duro com elencos. Sua personalidade forte já lhe rendeu polêmicas no próprio Flamengo e no Grêmio. O próprio Abel Braga já trocou gentilezas com o novo gerente em um passado distante, lá em 2012. É portanto mais um indicativo de que a nova diretoria terá uma postura mais dura com o elenco.

Claro que isso não significa que a cúpula rubro-negra foca apenas em comportamento. A busca por reforços de peso no mercado mostra que também vê deficiências no elenco. Mas, mesmo na montagem do time, a questão de comportamento está presente. A saída de Rômulo, jogador mais identificado com a passividade no clube e também com mau rendimento técnico, é um sinal dessa direção.

Será preciso esperar a temporada para descobrirmos se é correta essa avaliação da nova diretoria do Flamengo sobre essa necessidade de melhorar a condução do elenco. Durante a temporada passada, não ficou claro se isso era um problema apesar da irritação da torcida, muito pela falta de título.

Uma entrevista do meia Diego à ESPN revelou que houve, sim, cobranças internas por apatia de alguns jogadores. Mas o time disputou três campeonatos importantes e foi vice do Brasileiro com 72 pontos, o que não costuma ser a posição de times apáticos. Com a base do time parecida para 2019, provavelmente com alguns reforços, será possível saber portanto se o que faltava ao Flamengo era atitude.

 

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.