Fortaleza se reinventa para Série A com palavra final de Rogério Ceni

Campeão da Série B, a diretoria do Fortaleza sabe da necessidade de se reinventar para se manter na primeira divisão na próxima temporada. Para isso, aposta em um orçamento dobrado, um time renovado e melhoria na infraestrutura. Tudo isso passa pelo aval do técnico Rogério Ceni que conduz o projeto do clube de tentar subir passo a passo na escala nacional.

No ano de 2018, o clube cearense deve fechar com R$ 34 milhões de receita, um crescimento em relação à 2017. Isso se justifica pelo aumento de renda de TV com a Série B, sócio-torcedor, patrocínio da Caixa Econômica e exploração da marca. Foi até criada uma marcada própria "Leão 1918".

Com a ascensão para a Série A, o orçamento previsto é de R$ 56 milhões graças aos contratos de televisão. O Fortaleza assinou com a Turner, com quem renegocia para tentar receitas próximas a outros clubes, e com a Globo.

"Esse orçamento pode ter maior se tiver direitos internacionais (do Brasileiro). Everton (jogador do Grêmio) é 10% do clube e, se for vendido, incrementaria. Por mais que nosso orçamento que seja maior do que 2018, é bem menor do que dos times da Série A. Para competição que vamos disputar, é pequeno, então, vamos ter criatividade, e ter acerto muito grande para disputar", contou Paz.

De fato, o campeão Palmeiras, para efeito de comparação, tem um orçamento dez vezes maior do que o do time cearense. Para ter o acerto necessário, o Fortaleza conta com Rogério Ceni como trunfo. Passou por ele boa parte da reestruturação do clube.

No acerto feito entre as partes, as funções do ex-goleiro são-paulino vão bem além das de apenas um técnico. Foi ele que participou juntamente com o clube da reforma do centro de treinamento que continua em curso. Também tem a palavra final em contratações, embora não participe de negociações. Foi assim, e com um aumento salarial, que o clube o convenceu a ficar no Fortaleza depois do título.

"O principal fator de convencimento não foram coisas no final, mas o trabalho durante o ano. O compromisso que cumprimos em 2018. Gestão compartilhada com ele que tem espaço para tomar decisões", explicou Paz. "Tivemos uma valorização salarial para ele com mudança de patamar de série. Definição de salários de jogadores para Série A. Patamar tinha que avançar."

A influência de Rogério levou à construção de uma nova academia, com local e padrão sugerido por ele. Houve reforma de campos do CT em Maracanaú, melhorias em cozinhas, hotel, instalações de comissão técnica, etc. O técnico participou inclusive no desenho do layout dos espaços. Agora, o Fortaleza busca tentar capitalizar com a venda de naming rights.

Na montagem de elenco, Ceni também é decisivo. O clube busca jogadores por meio de análise de desempenho, dentro do perfil que ele prefere. São montados vídeos pelo clube para que o treinador analise.  "Ele escolhe os jogadores que quer", contou Paz.

No total, a previsão do Fortaleza é de que fique com 40% a 50% do elenco campeão na Série B. A maior parte das trocas foi por opção do clube, com exceções como a saída do atacante Gustavo, o Gustagol, que estava emprestado pelo Corinthians.

Dentro do plano conjunto com o técnico, a diretoria do Fortaleza é realista ao colocar como meta a manutenção do time na Série A. Um empecilho para o clube é o mesmo enfrentado por outros clubes nordestinos. Além dos orçamentos menores, os times desta região sofrem com as viagens mais longas pelo maior número de times do Sudeste e Sul no Brasileiro da Série A.

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