Fifa constata lucro de R$ 8 bi de agentes em 6 anos e vai limitar comissões
Uma reunião na Fifa para revisar as janelas de transferências chegou a duas conclusões: empresários lucram em excesso com a venda de jogadores, e clubes formadores ganham menos do que deveria. Como consequência, a entidade já decidiu que vai tomar medidas para limitar os lucros dos empresários e garantir mais recursos para os times que revelam os atletas. A questão é como isso vai ocorrer.
Em painel da Fifa, foi exibido um gráfico que mostra que os empresários lucraram US$ 2,14 bilhões (R$ 8 bilhões) nos últimos seis anos com transferências. Em contrapartida, os pagamentos por solidariedade ou compensação por treinos atingem US$ 466 milhões (R$ 1,7 bilhão).
Ou seja, agentes que atuam como intermediadores ganharam mais do que o quádruplo do que os times que efetivamente atuam para revelar os atletas. No caso do mecanismo de solidariedade, a Fifa constatou que havia uma expectativa de que os clubes ganhassem US$ 351,5 milhões, enquanto na realidade só levaram US$ 67,7 milhões nos últimos seis anos.
"A ideia é que exista uma diferença entre os percentuais de ganhos dos empresários dependendo da transação. Por exemplo, se agente do atleta, uma parte do salário bruto. Ou uma limitação percentual do valor total se ele fizer a intermediação", explicou o advogado Marcos Motta, que participou do encontro em nome dos agentes. Segundo ele, os empresários já sabem que vai haver um limite de ganhos, mas agora negociam os mecanismos.
Atualmente, o regulamento da Fifa recomenda um percentual de 3% de comissões para empresários. Essa indicação não é seguida por quase nenhuma transação. Por isso, agentes defendem uma taxa mais realista.
Uma forma de garantir a limitação das comissões será a criação da câmara de compensação pela Fifa. Será uma empresa, auditada por um banco, que receberá todas as informações sobre as transações, incluindo os pagamentos de solidariedade e comissões de agentes. Assim, será possível manter limitado o valor dos empresários. No caso da solidariedade, que representa 5% do total da operação, é garantir que os clubes recebam o dinheiro que muitas vezes não chegam.
"Muitas vezes há uma falta de comunicação entre as associações sobre os dados dos jogadores. Às vezes, só sabia da carreira profissional sem saber de quem é formador. Há pedidos da América do Sul, África do Sul e Caribe para aumentar essa compensação", contou Motta.
Uma proposta ainda defende que as transações nacionais de jogadores de outros países também tenham pagamento de solidariedade. Assim, por exemplo, a venda de Richarlison entre clubes ingleses iria gerar dinheiro para times do Brasil.
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