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Rodrigo Mattos

Sobrou pilha e faltou bola em um Fla marcado por erros de Abel

rodrigomattos

04/04/2019 04h00

A contratação de Abel Braga pela diretoria do Flamengo teve como justificativa a necessidade de mudança de comportamento do time para ter mais atitude. Mas essa pilha parece ter sido exagerada para a partida diante do Peñarol. Sobrou nervosismo e faltou bola na primeira derrota na Libertadores.

Desde o início, o Flamengo era um time afobado que forçava demais as jogadas sem procurar uma forma mais inteligente de furar o bloqueio uruguaia. As duas linhas de marcação do rival impediam as triangulações pelas laterais, característica rubro-negra, e congestionavam o meio. Resultado: excesso de erros de passes.

Foram apenas duas boas chances no primeiro tempo, ambas com Gabigol. A melhor oportunidade foi uruguaia em contra-ataque que terminou com a conclusão perigosa de Canobbio. No lance, Cuellar foi bloqueado  por um uruguaio em ação faltosa. Mas reagiu de forma desproporcional com um soco por trás. Poderia ter sido expulso, levou amarelo. A pilha já ameaçava o time.

A verdade é que, no 11 contra 11, o jogo do Flamengo não já andava como deveria, embora com leve melhora no início do segundo tempo. Então, Abel Braga decidiu tirar Arão e colocar Vitinho, abrindo o pela esquerda, com Gabigol na direita e Bruno Henrique de centroavante. O ponta, que já jogava mal na esquerda, continuou mal no meio, e o jogador que mais concluía a gol era afastado da área. A defesa ficava exposta mais cedo. Não parecia fazer muito sentido.

O jogo desandou de vez para os rubro-negros quando Gabigol, deslocado para a ponta, deu um carrinho desproporcional em um rival e foi expulso. Não era uma jogada próxima ao gol, não havia nenhuma agressão anterior, não havia nenhuma explicação para a entrada tão dura. Depois, Gabigol disse que o juiz Patrício Lostau foi rígido. É aconselhável que alguém no Fla não passe a mão em sua cabeça e lhe explique que o erro foi seu.

No último Fla-Flu, Bruno Henrique também foi expulso após uma entrada duríssima em um jogador tricolor. Não se sabe se houve bronca. Mas já são dois vermelhos em jogos decisivos por excesso de vontade nas entradas.

Com o time ainda mais exposto, Abel trocou Bruno Henrique por Uribe para voltar a ter centroavante. Manteve no banco Arrascaeta, que tinha feito gol no último minuto diante do Vasco, abrindo mão de um jogador que sabe jogar nos espaços curtos que existiam na partida. O Flamengo foi punido por seu excesso de erros na cabeçada de Viatri na rede. Uma ironia visto que faltou cabeça ao time rubro-negro ao jogo inteiro, seja dos seus jogadores, seja do seu técnico.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.