Banido, Marin desviou dinheiro dos clubes e CBF não fez nada
Após ser condenado e preso nos EUA, o ex-presidente da CBF José Maria Marin foi banido de todas as atividades do futebol pelo Comitê de Ética da Fifa. Entre outros casos de corrupção, o ex-dirigente recebeu propina por contratos da Copa do Brasil e da Libertadores, isto é, dinheiro que seria dos clubes. Até hoje a confederação nada fez para tentar recuperar as recursos desviados por ele e pelos outros ex-cartolas da entidade acusados judicialmente nos EUA.
Marin foi condenado na Justiça norte-americana por receber subornos por três contratos: Copa América, Libertadores e Copa do Brasil. No caso da competição nacional, o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira é acusado de fazer um acordo com a Traffic e depois com a Klefer para ceder direitos de marketing do campeonato em troca de pagamentos por fora. Marin e Marco Polo Del Nero passaram a dividir a propina quando assumiram a entidade, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
As propinas impediram que a CBF assinasse um contrato superior pelos direitos da Copa do Brasil, além de desviar dinheiro que deveria ir para os clubes. Afinal, são os times que disputam a competição. O mesmo caso ocorre nos contratos da Libertadores.
Bem, a Conmebol se apresentou como vítima do esquema na Justiça dos EUA e reivindica parte do dinheiro pago pelos acusados. A CBF não quis fazer o mesmo: preferiu a omissão e perdeu prazo. A entidade brasileira também poderia cobrar civilmente Marin, Del Nero e Teixeira no Brasil, afinal, é farta a documentação que indica desvios de recursos da entidade. Nunca fez nada.
Na semana passada, o novo presidente da CBF, Rogério Caboclo, assumiu com um discurso de que reconhecia danos à imagem da confederação e que faria uma gestão independente dos antecessores. Uma ótima maneira de demonstrar sua independência é cobrando judicialmente a devolução do dinheiro desviado pelos presidentes anteriores. A condenação de Marin na Fifa é mais um elemento para reforçar uma causa da confederação contra ele.