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Rodrigo Mattos

CBF deveria mudar Copa do Brasil para evitar elitização

rodrigomattos

09/06/2019 04h00

Criada no final da década de 90, a Copa do Brasil sempre foi conhecida como a competição nacional mais democrática do país por permitir a times de menor investimento (ou zebras) chegasse às fases finais e até conquistassem a taça. Foi assim com o Santo André, Paulista, Criciúma e Juventude. Mas mudanças de fórmula e o abismo entre clubes promoveram uma elitização da Copa do Brasil nos anos recentes.

Pelo segundo ano seguido, o Bahia foi o único time que não estava na Libertadores que atingiu as quartas de final. Ou seja, das 80 equipes que iniciaram a competição, só sobrou o time baiano já que os oito que disputaram o torneio sul-americanos entraram nas oitavas-de-final.

Não é só isso. Desde 2016, quando o Juventude foi o intruso, nenhum time de fora da Série A chega às quartas-de-final da Copa do Brasil. Ou seja, há um processo de elitização da competição.

É certo que uma mudança justa feita pela CBF em 2013 que era a inclusão dos times da Libertadores no campeonato reduziria a chance de surpresas. Não havia sentido, de fato, que esses clubes fossem punidos ficando de fora da Copa do Brasil.

Só que, com o tempo, aumentou o número de times brasileiro na Libertadores, saltando de cinco para sete. O número pode chegar a nove dependendo dos campeões da Sul-Americana e Libertadores. Com isso, há muitas vagas reservadas a equipes fortes já na quartas.

Além disso, a CBF deu vagas para campeões da Copa do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. Neste caso, não há uma elitização, é um espécie de cota para regiões menos favorecidas por investimentos no futebol. Mas isso deixou reduzidas a cinco as vagas aos times que iniciam a disputa.

Como resultado, chegam às oitavas times que não nem sempre conseguem enfrentar os mais fortes da Libertadores. Ainda mais porque o sorteio os deixa em um pote e os outros em um segundo pote. Ressalte-que houve jogos duros nos confrontos entre Santos e Atlético-MG, Fluminense x Cruzeiro, e Athletico e Fortaleza. Ainda assim, no final, foram os times da Libertadores que passaram.

O presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, defendeu em seu twitter que não exista divisão de potes com times da competição sul-americana de um lado, e os outro, do outro. "Bahia é novamente o único nas quartas da Copa do BR que não veio da Libertadores. 80 começaram, mas apenas Bahia ficou. Orgulho? Não. É preciso mudar e permitir sorteio livre já nas oitavas. Pote dos Poderosos x Pote dos Lutadores mostra a escolha das TVs por jogos arrumadinhos."

É uma crítica pertinente ao modelo do sorteio. Além disso, a CBF deveria analisar essa fórmula de reservar 11 vagas para times que entram nas oitavas. Não se trata de tirar esses da Libertadores, mas, por exemplo, será que não haveria um mecanismo daqueles que foram eliminados mais cedo, como o São Paulo, para entrar antes? E todas as Copas regionais de fato merecem vaga em fase adiantada?

Do jeito que está posto, a Copa do Brasil vai se tornar um torneio que só começa de fato nas oitavas e fadada a ficar restrita a um grupo de elite. Assim como não era justo que os times da Libertadores ficassem fora da competição nacional, não é justo que eles a monopolizem.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.