Gramados ruins da Copa América mostram desleixo brasileiro com bom futebol
A organização da Copa América tem sofrido críticas por problema as com ingressos, com logística e agora com gramado. Pelo menos quatro dos seis campos (Arena Salvador, Maracanã, Mineirão e Arena Grêmio) já foram alvo de ataques ou tiveram que ser poupados de treinos. Não chega a ser uma surpresa em um Brasil que se preocupa pouco com a qualidade do jogo.
Inicialmente, o Comitê Organizador da Copa América tinha previsto até um mês de descanso de gramados para a Copa América, período que se iniciaria em 14 de maio. Mas essa data teve de ser revogada por problema estrutural do nosso futebol.
Explica-se: o calendário apertado da CBF previa jogos do Brasileiro da Série A até a véspera da Copa América. Ora, se os estádios fossem fechados com um mês, a vida dos clubes seriam bastante complicada sem terem lugar para jogar, o que seria um absurdo. Em resumo, houve jogos até uma semana antes nos estádios. O técnico uruguaio, Oscar Tabárez, lembrou, às véspera de seu jogo diante do Chile, como os campos brasileiros são submetidos a um campeonato extenso.
Sem tempo para preparo, os gramados teriam de já estar sendo cuidados com frequência por seus donos. E aí, de novo, entra o descuido brasileiro com gramados. No Maracanã, há um notório problema no gramado, às vezes pior, às melhor, que ainda não melhorou após a dupla Flamengo e Fluminense assumir o estádio. O mesmo vale no Grêmio, e nas Arenas Fonte Nova e Mineirão, geridos por empreiteiras/administradoras.
As exceções são o Morumbi e especialmente a Arena Corinthians, que notoriamente tem o melhor gramado do Brasil e onde, desde a fundação, há uma preocupação neste sentido. Houve um período curto em que o campo corintiano teve problemas, mas já foi recuperado.
Organizadora da Série A, a CBF deveria ser a fiscalizadora (ou incentivadora) para que se melhorasse a qualidade dos campos. O departamento de competições da entidade tem um programa de gramados com esse objetivo: nunca se verificou nenhuma melhora efetiva nos gramados até agora.
Quando erra um chute por causa de um montinho artilheiro, Messi vivencia o sofrimento de cada dia da maioria dos jogadores do Brasil. Provavelmente nenhum clube brasileiro terá dinheiro um dia para pagar um jogador como ele. Mesmo se um deles tivesse os recursos, com nossos gramados, seria como dar uma papel higiênico para Pablo Picasso pintar.
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