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Rodrigo Mattos

Empresa ligada a propina vende R$ 24 mi em pacotes de luxo da Copa América

rodrigomattos

18/07/2019 04h00

Os jogos da seleção na Copa América geraram R$ 24 milhões na venda de pacotes de luxo com ingressos e serviços. Quem comercializou esse tipo de bilhete foi o Grupo Águia, cujo dono é acusado de intermediar propina para cartola da CBF. Os ganhos com os ingressos premium serão divididos entre a empresa e a Conmebol.

A Conmebol diz ter realizado uma licitação para escolher quem exploraria a venda de pacotes de luxo. Como revelou o blog, o Grupo Águia, que já prestara o serviços na Copa-2014, foi o escolhido.  Ao site "Globo Esporte", a Conmebol informou que só houve dois interessados e que fechou com o Águia com riscos e ganhos divididos – não houve pagamento de luvas.

A empresa é do grupo de Wagner Abrahão, que tem negócios com a CBF desde a época de Ricardo Teixeira. No processo conhecido como "caso Fifa", na Justiça dos EUA, a procuradoria norte-americana apontou que duas empresas dele com sede em paraísos fiscais na Europa intermediaram o pagamento de propina para o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Os subornos eram relacionados justamente a contratos da Copa América.

Um executivo do Grupo Águia fez visitas à Conmebol desde o ano passado e teve encontro com o presidente da entidade, Alejandro Dominguez, segundo apurou o blog. A empresa também tem bom relacionado dentro da CBF onde providencia serviços de transporte há cerca de 20 anos.

Além dos pacotes de luxo, a empresa levou também os serviços de logística da Copa América, transportes de times e dirigentes em aviões fretados. Esse serviço pode gerar ainda mais dinheiro que os ingressos premium visto que houve viagens por cinco sedes.

Na política de ingressos, a Conmebol estabeleceu valores altos na tabela de ingressos para cobrir despesas da competição. Os pacotes negociados pelo Grupo Águia tinham preços ainda mais elevados.

Na final entre Brasil x Peru, a média de um ingresso negociado pela empresa foi de R$ 3 mil. Só neste jogo a empresa garantiu R$ 10,860 milhões em faturamento com venda de pacotes. Ou seja, o valor com pacotes de luxo representou mais de um quarto da renda da decisão que ficou em R$ 38 milhões.

Além dos ingressos, os pacotes incluem serviços de transporte para o estádio e comidas e bebidas, cuja qualidade depende do programa envolvido. Os lugares eram em camarotes ou em assentos no meio do campo da categoria 1.

Somados os outros cinco jogos do Brasil, o total arrecadado pelo Grupo Águia atingiu R$ 24 milhões. Houve ganhos em outras partidas da Copa América, mas em montantes bem menores – alguns jogos sequer tiveram venda de pacotes de luxo. No total, houve arrecadação de R$ 215 milhões com ingressos da competição, bem acima da meta estipulada pela Conmebol.

 

 

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.