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Rodrigo Mattos

Em corte da CBF, Mena cobra R$ 10 mi do Cruzeiro e pede veto a contratações

rodrigomattos

13/08/2019 04h00

O jogador chileno Mena cobra R$ 10 milhões do Cruzeiro e pede que o clube seja impedido de registrar jogadores em ação movida no tribunal da CBF. O valor requisitado é relativo à venda de direitos feita pelo atleta ao time mineiro quando foi contratado em 2015. Nunca houve quitação desse montante, na versão do jogador. É mais um débito cobrado do Cruzeiro em cortes esportivas e que pode gerar punição para o futebol.

O Cruzeiro fechou a contratação de Mena em 2015 quando ele saiu do Santos. Segundo dados do processo, foi acertado que o clube mineiro pagaria 1,8 milhão pela cessão de 60% dos seus direitos. O pagamento seria parcelado, mas não foi cumprido.

Ao final de 2017, o Cruzeiro assinou uma confissão de dívida de 2,1 milhões de euros para novamente parcelar os pagamentos, mas não quitou nenhuma das parcelas. De novo, o clube mineiro não cumpriu dez pagamentos até o final de 2018 em um total de 1 milhão de euros. Com isso, Mena entrou com uma ação de cobrança no CNRD (Câmara Nacional de Resolução de Disputas), versão nacional do comitê de jogadores da Fifa.

"Sinceramente, já desistimos de buscar qualquer solução amigável com o Cruzeiro. A postura repetitiva do clube é a de empurrar para a frente todos os casos com a única finalidade de ganhar tempo para pagamento, e apenas pagar antes de alguma sanção disciplinar ser aplicada pela FIFA ou CBF", analisou o advogado Eduardo Carlezzo, que representa o jogador Mena.

Na sua ação no CNRD, foi pedido que o pagamento de 2,1 milhões de euros, mais multa e juros pelos atrasos. No total, o valor se eleva a em torno de R$ 10 milhões.

A alegação é de que, ao não pagar, o Cruzeiro descumpriu o "Termo de Ajuste e Confissão de Dívida". A argumentação do jogador é de que houve descumprimento dos artigos 12bis do regulamento de jogadores da Fifa e do artigo 64 do regulamento de transferências da CBF.  Nas regras da Fifa, a punição prevista para estes casos é a proibição de registrar jogadores por uma ou duas janelas de transferências, sendo que nova norma estabelece que isso pode se estender até o pagamento.

No caso do regulamento da CBF, há a previsão também de bloqueio de valores a que os clubes tenham a receber da entidade. São premiações ou cotas de competições como a Copa do Brasil. Além disso, o clube pode perder o certificado de time formador.

Em ação, os advogados de Mena pedem que seja imposta a proibição de registro internacional de jogador por uma ou duas janelas. Foi escolhida essa medida por ser considerada mais efetiva.  Mas isso não impede os membros da corte de decidirem bloquear cotas do Cruzeiro.

Perguntado sobre a ação, a assessoria do Cruzeiro respondeu com uma nota: "O Cruzeiro Esporte Clube confirma a existência da referida ação e comunica que a responderá em juízo, mas não fará comentário público a respeito do caso."

Ainda não há uma sentença sobre o caso. Mena entrou também com uma ação na Justiça trabalhista contra o Cruzeiro, obteve uma sentença favorável e um acordo pelo qual vai receber R$ 860 mil.

Essa é a segunda cobrança sofrida pelo Cruzeiro no CNRD, sendo que a outra é a ação do Atlético-MG cobrando de Fred a multa de R$ 10 milhões por ter fechado com o rival mineiro. Neste caso, embora Fred seja o réu, o Cruzeiro se colocou junto com ele em sua defesa.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.