Mudança de pagamento da TV aumenta rombo em contas de clubes no 1º semestre
Os clubes brasileiros não conseguiram se adaptar à mudança de pagamento da Globo e da Turner nas cotas de TV o que contribui para aumentar o déficit deles no primeiro semestre de 2019. Essa não é a única explicação para o buraco nas contas já que algumas das agremiações gastaram bem além do tinham de receita e não devem reverter o rombo até o final do ano.
Dos clubes que publicaram balancetes, apresentaram contas no vermelho na primeira metade do ano: Bahia (R$ 5 milhões), Vasco (R$ 12 milhões), Fluminense (R$ 19,9 milhões), Santos (R$ 49 milhões) e Internacional (R$ 61 milhões). Enquanto isso, o Palmeiras estava com déficit de R$ 24 milhões até maio. E o Corinthians também também teve um buraco nas contas nos primeiros seis meses, embora o valor não tenha sido divulgado.
Há exceções como Flamengo e Grêmio que tiveram superávits acima de R$ 30 milhões mesmo com as mudanças nos pagamentos. No caso rubro-negro, isso teve relação direta com valores recebidos pela venda de Paquetá.
A televisão é a principal renda da maioria dos clubes. Para 2019, houve uma mudança no fluxo de pagamentos da Globo para o Brasileiro por conta de alteração nos critérios de distribuição nos montantes. Agora, há uma cota fixa de 40% do contrato, outra fatia de 30% é paga por exibição e uma terceira parte 30% é por posição.
A Globo começou a pagar a maior parte do fixo no primeiro semestre para equilibrar as receitas de TV, além de liberar parcelas do pay-per-view. Mas as receitas de exibição e colocação no Brasileiro vão se concentrar no segundo semestre. E o pay-per-view também terá maiores fatias pagas no segundo semestre. Isso se explica porque o Nacional se concentra mais nesta parte do ano, ou seja, a Globo e Turner pagam de acordo que o campeonato se desenrola enquanto antes dava parcelas mensais.
"Foi total a questão da televisão o motivo do nosso déficit. Não recebemos pay-per-view dos Estaduais como acontece com outros Estados. Receitas da TV Aberta só começaram em abril, e a primeira parcela do pay-per-view veio em julho. E houve poucos valores de exibição", contou o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani. "Tanto que em julho recebemos parcela e já reverteu para superávit." De fato, considerado até julho, o valor ficou para R$ 4 milhões positivos.
Segundo ele, o ano de 2019 é de adaptação e portanto os clubes sofrem mais. Na próxima temporada, o efeito deve ser menor porque haverá pagamentos no início do ano referente ao pay-per-view do ano anterior, explicou o presidente do Bahia.
Uma questão é que os clubes sabiam desde 2016 que haveria a mudança na distribuição de cotas. Fica claro que receberam menos do que a metade do previsto para todo o ano. Fluminense e Santos, por exemplo, só tiveram receitas na casa de R$ 40 milhões de TV em seis meses incluídos Estaduais, sendo que esse valor deve ultrapassar R$ 100 milhões.
"A questão da televisão explica uma parte da questão. Mas acho que uma outra parte da história, que não é pequena, ainda é explicada por má gestão no investimento. Folhas muito altas em relação à capacidade de investimento dos clubes. Não espero que você vai conseguir zerar vários desses prejuízos no segundo semestre só com a televisão", explicou o consultor da EY, Alexandre Rangel, que trabalha em projetos para controle financeiro de clubes para a CBF.
O consultor lembra ainda que as rendas de TV do Brasileiro previstas para o segundo semestre são variáveis, isto é, não dá para ter certeza quanto o clube vai ganhar pois não sabe sua posição. Ou seja, não dá para planejar o ano com isso.
E, de fato, clubes como Santos e Internacional não conseguirão fechar o ano no azul a não ser que consigam fazer vendas significativas de jogadores até o final do ano (ou ganhe a Copa do Brasil no caso colorado). Não é a diferença de pagamentos da TV que explica déficits de um semestre acima de R$ 40 milhões.
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