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Rodrigo Mattos

Vagas no Mundial de Clubes geram discordância de CBF e Fifa com a Conmebol

rodrigomattos

18/10/2019 04h00

Durante reunião do Conselho da Conmebol, o presidente da entidade, Alejandro Dominguez, surpreendeu ao apresentar uma proposta de uma Supercopa para definir duas vagas sul-americanas no Mundial de Clubes-2021. Essa proposta sofreu forte oposição da CBF que considera a ideia inviável por conta do calendário do futebol brasileiro. Além disso, a proposta de Dominguez contraria instrução da própria Fifa que queria uma distribuição diferente para as vagas.

A Fifa criou o Mundial de Clubes para 2021 com 24 clubes, e incluiu seis times sul-americanos na competição. Cabe a cada confederação continental definir como serão seus classificados. Inicialmente, a Conmebol daria vaga aos quatro campeões da Libertadores no ciclo (de 2017 a 2020) e definiria as duas outras vagas. Assim, o Grêmio já teria uma vaga, assim como o River Plate.

Mas, no final da reunião, o presidente da Conmebol apresentou a ideia da Supercopa com todos os campeões da Libertadores, a ser disputada em dezembro e janeiro de 2020 a 2021. Uma parte do torneio seria em mata-mata e com uma fase final no outro ano. Dominguez quer dar duas vagas aos campeões da Libertadores de 2019 e 2020, e aos campeões da Sul-Americana desses anos. Contrariava assim uma orientação da Fifa que queria os quatro campeões da Libertadores do ciclo, e a definição de outras vagas por outro critério.

De cara, o presidente da CBF, Rogério Caboclo se disse contra e disse que a ideia era inviável porque em dezembro e janeiro são as férias dos clubes brasileiros, e o restante do calendário estava tomado.  "Quando houve a colocação dessa possibilidade,  imediatamente manifestei que não há hipótese dos clubes brasileiros participarem desse torneio. Não temos nenhuma data disponível e não iremos sacrificar as férias e o período de pré-temporada no Brasil", disse Caboclo, por meio da assessoria da CBF.

Dirigentes da CBF entendem ter o apoio dos argentinos para barrar o torneio. Há a crença de que Dominguez apresentou a ideia para criar mais um torneio lucrativo para a Conmebol. A divulgação da ideia da Supercopa, que ainda precisa ser estudada, surpreendeu e incomodou dirigentes da confederação.

Ao mesmo tempo, há uma pressão de outras federações nacionais contra a classificação de todos os quatro campeões da Libertadores. Essas querem ter a possibilidade de ter vagas para seus times. E a Supercopa inclui times de outros seis países, fora Argentina e Brasil.

A discussão vai se estender pelos próximos meses. Há uma reunião do Conselho da Fifa no final de outubro em Xangai que justamente pode anunciar a China como sede do novo Mundial. Ali, Conmebol, CBF e Fifa voltariam a debater as vagas, assim como a UEFA terá de definir os critério para seus participantes. Depois disso, uma encontro do Conselho da Conmebol deve definir de vez a questão.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.