Clubes rejeitam benefícios só para quem virar empresa e exigem igualdade
Em mais uma reunião na CBF, a comissão de clubes decidiu fechar posição contrária ao tratamento diferenciado entre clubes-empresa e associações civis previsto no projeto de lei do deputado Pedro Paulo (DEM-RJ). Será apresentada uma proposta para o parlamentar para que iguale eventuais renegociações de dívidas, mudanças trabalhistas e direitos de exploração de propriedades. Quem não corroborou a posição dos outros clubes foi o Botafogo.
O projeto do deputado Pedro Paulo prevê que os clubes que virarem empresa terão acesso a uma renegociação de dívidas fiscais (espécie de Refis) com descontos e terão direito a exploração dos direitos de apostas. Além disso, estão previstas alterações trabalhistas pelas quais salários acima de R$ 11.600 de jogadores não seriam mais regidos pela legislação trabalhista.
A maioria dos clubes tem manifestado rejeição ao projeto de lei em reuniões e em uma audiência pública na Câmara. Pedro Paulo e o presidente da Câmara, Rodrigo Maria, não desistiram de aprovar o projeto com certa urgência: querem fazer-lo antes da reforma da previdência.
Pois bem, na reunião de sexta-feira, estavam presentes os quatro grandes do Rio de Janeiro, Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense, além de pelo menos São Paulo e Bahia, entre outros times. Ao final, os clubes decidiram que, como princípio, entendem que clubes-empresas e associações têm que ter direitos iguais.
Assim, defendem que, se houver Refis, que seja dado para ambos. Há a mesma reivindicação em relação aos direitos de exploração do nome por sites de apostas. Outro ponto das agremiações é que a tributação das associações seja igual ou menor do que a dos clubes-empresa.
A vantagem para quem decidisse pelo formato empresarial seria a possibilidade de recorrer à recuperação judicial, o que só é previsto para esse tipo de estrutura. A tendência é que os clubes levem esse grupo de reivindicações para Pedro Paulo em reunião a ser marcada na próxima semana.
O Botafogo foi o único clube que não deu aval ao documento. O clube tem R$ 750 milhões em dívidas e já há em curso um projeto para transforma-lo em empresas. Alguns clubes nos bastidores apontam que o projeto de Pedro Paulo é feito sob medida para o time alvinegro que tem como torcedor Rodrigo Maia. O deputado nega que a legislação seja só para atender o Botafogo.
O blog tentou falar com o porta-voz dos clubes, que é o presidente do Vasco Alexandre Campello, sem sucesso.
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