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Rodrigo Mattos

Flamengo e River vetam Santiago, e Lima surge de improviso para final

rodrigomattos

06/11/2019 01h20

Com Pedro Ivo Almeida, em São Paulo

A decisão do local da final da única da Libertadores não teve planejamento ou estudo de alternativas. Na reunião que durou pouco mais de cinco horas nesta terça-feira (5), os clubes envolvidos, Flamengo e River Plate, foram os responsáveis por vetar em definitivo a permanência do evento em Santiago. A partir daí, em meio a tentativas frustradas, surgiu Lima com opção, improvisada, para resolver a situação. Tanto que nem um contrato do acordo foi assinado.

Desde a semana passada, a Conmebol hesitava em manter o jogo em Santiago por causa dos protestos políticos que seguiam. Ainda assim, a entidade confirmava a capital chilena como sede da decisão, embora já pensasse em um plano B. Na segunda-feira, decidiu chamar presidentes de clubes e federações para tomar a decisão definitiva.

A ideia do encontro era ouvir autoridades chilenas para ter certeza da decisão a ser tomada. A ministra de Esporte do Chile, Cecília Perez, entrou por teleconferência e garantiu a segurança para a final. Ela, aliás, era um dos poucos contatos com o mundo fora da sala de reunião – todos os presentes tiveram que entregar os celulares antes de entrarem para o encontro. Dirigentes chilenos presentes ratificavam a posição, mas eram mais reticentes. A cúpula da Conmebol não parecia muito convencida, mas não deixava claro o rompimento.

Até que o presidente do River Plate, Rodolfo D'Onofro, disse que temia problemas com os torcedores argentinos em meio aos protestos. Foi prontamente seguido pelo presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, que via o mesmo cenário em relação aos brasileiros.

Restava para a Conmebol aceitar a decisão e apresentar outras soluções. Houve um momento em que a entidade alimentou um plano de ficar em Assunção, sede da entidade, no estádio "Nueva Olla", que receberá a final Sul-Americana. Durante a reunião, o próprio presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, descartou a ideia. Disse que já havia outro evento na cidade no período — Mundial de Beach Soccer — e tirou o Paraguai do mapa de escolhas.

Aí começou a procura por opções sem que houvesse candidaturas prontas na mesa. Entre frases como "Venezuela não dá. Chile já foi. Brasil e Argentina, fora", Montevidéu chegou a ser cogitada e prontamente descartada. O estádio Centenario foi considerado velho e, além disso, o país terá eleições no final de semana de 23 de novembro. Surgiu a opção de Medelín, que propunha o estádio Atanasio Giradort.

Landim vetou por entender que a logística era muito complicada para os brasileiros, ainda mais em tão pouco tempo. Sem ser capital do país, Medelín não tem voos diretos desde a maioria dos países. A reunião se arrastava e surgiu a candidatura de Lima – com aval de uma autoridade do governo peruano garantindo a segurança do evento. A ideia era usar o Estádio Monumental do Universitário (80 mil), com capacidade bem maior do que a do original, o Estádio Nacional de Santiago (48 mil lugares). Isso agradou aos clubes.

Quando os dirigentes decidiram que aquela opção de emergência que se encaixava em suas necessidades, não foi assinado um contrato ou formalizado um acordo. Lima tem mais voos e infraestrutura turística do que as outras opções, o estádio é grande. Pronto, fechado.

Tanto que a Conmebol anunciou Lima como sede sem o nome do estádio ou horário do jogo. Isso foi acertado depois da divulgação da nova sede. Agora, o Flamengo, por exemplo, terá de buscar nova logística. Não tem passagens para o Peru ou um CT para treinar na capital do país. Não há manual de final única, protocolos ou estádio instalado prontos como existia em Santiago.

A aposta da Conmebol é que conseguirá repetir o que fez com a final entre Boca Juniors e River Plate, em 2018. Naquela ocasião, foram 11 dias de preparação para o jogo após o anúncio da transferência do jogo para Madrid. Agora, serão 18. O desafio começa a partir desta quarta-feira e pelo menos o jogo é na América do Sul.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.