Saída de Pelaipe gera questionamentos a Landim, mas não respinga no futebol
Apesar da atuação com bombeiro do vice-presidente de Futebol, Marcus Braz, a saída do gerente de futebol Paulo Pelaipe gerou desconforto entre membros da diretoria do Flamengo com o presidente Rodolfo Landim. A forma como a demissão foi conduzida foi considerada ruim por gerar uma crise, é questionada a falta de autonomia do vice-presidente de Futebol, Marcus Braz, e os motivos. A principal justificativa da cúpula do clube foi a participação de Pelaipe no caso da premiação dos funcionários pelos títulos e excesso de pessoas no departamento de futebol.
Apesar da crise, não há nenhum indicativo de mudança no futebol do clube, nem entre diretores, nem de técnico.
Como mostrou o colega PVC, a decisão da demissão de Pelaipe foi tomada por Landim. Houve participação do vice-presidente de Relações Externas, Luiz Eduardo Baptista, na discussão – ele é influente no futebol e tem uma relação com atritos com Marcus Braz. Mas a palavra final foi do presidente.
A principal justificativa para a decisão foi a condução do caso da premiação de funcionários do departamento de futebol que gerou uma crise no dia da final do Mundial de Clubes contra o Liverpool. A diretoria obteve dados, inclusive testemunhas, pelos quais chegou a conclusão que Pelaipe piorou a crise jogando gasolina na fogueira no dia do jogo e colocando Landim sob pressão.
Essa versão, no entanto, ainda não foi apresentada a outros membros da diretoria. Houve inclusive cobrança de um vice para Landim seja dada uma posição pública do clube. O silêncio de Landim causa incômodo entre dirigentes como apontou o colega Mauro Cezar. Há quem veja motivação política na demissão pela disputa entre Braz e Bap, e quem entenda que isso não existiu.
Mais do que isso, a condução da demissão é considerada inábil gerando uma crise. Um problema foi o fato de ter passado por cima de Marcus Braz, que confirmou que não sabia do fato. É praxe no Flamengo que o vice tome parte das decisões ou, se esta for definida pelo presidente, seja comunicado antes de a medida se efetivar. É preciso ressaltar que Braz, em entrevista, disse que não tinha ficado incomodado com o processo, embora, extraoficialmente, não tenha gostado.
Além disso, há dúvidas sobre o acerto da decisão. A questão das premiações, pelo menos neste momento, não é vista como motivo suficiente para a queda. Mais do que isso, há uma incompreensão de por que a decisão de renovar o contrato de Pelaipe tinha sido tomada depois do Mundial, portanto após o problema das premiações, e mesmo assim ele caiu. Entre os pares da diretoria, é visto como desnecessário gerar uma crise no início do ano.
Como pano de fundo, há a disputa política entre grupos que fazem parte da diretoria. Bap e Braz não têm boa relação, o que é sabido entre seus pares. A percepção entre os outros dirigentes pelo menos é que, com os resultados positivos em campo, essa disputa tinha esfriado. Há relatos de um ambiente sem atritos em reuniões da diretoria. Mas não se sabe como ficará agora depois dessa crise, embora Marcus Braz claramente tenha tirado a temperatura da crise com suas declarações, e Bap também não esteja colocado fervura no ambiente, segundo relatos.
De consenso, por enquanto, é de que não vai haver mexida no futebol do clube. A questão é se a saída de Pelaipe pode reacender atritos e, com isso, causar impactos futuros. Até porque Landim foi eleito por uma série de correntes políticas que se acomodaram em sua diretoria. O próprio dirigente afirma que não disputará a reeleição após o final do seu mandato, o que gera uma discussão sobre sua sucessão.
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