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Odebrecht será credora de R$ 500 mi de Fla, Flu, Corinthians e Bahia

rodrigomattos

07/10/2013 12h30

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_ )

Construtora de quatro dos 12 estádios da Copa-2014, a Odebrecht tornou-se um novo poder no futebol brasileiro. Uma comprovação desse novo status é que quatro dos grandes clubes brasileiros já têm ou passarão a ter dívidas com a empresa, sendo que dois deles são Flamengo e Corinthians, donos da maiores torcidas do país.

Esses débitos são todos ligados às construções ou gestões das novas arenas. No total, as dívidas giram em torno de R$ 500 milhões, embora seja difícil calcular o valor exato. Por meio de consórcios, com parceiros, a Odebrecht estabeleceu contratos com seis clubes. Náutico e Botafogo, a princípio, não registram débitos com a empresa, mas o Fluminense e o Bahia, sim.

A maior dívida é a corintiana por conta da construção do Itaquerão. Com o dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) ainda travado, e a lentidão para liberação de títulos da prefeitura, a obra tem sido custeada por empréstimos bancários e recursos próprios da construtora.

Pelo último balanço do fundo que administra o estádio, de agosto, foram investidos R$ 716,9 milhões até agora, incluindo um montante de reserva. Desse total, R$ 283 milhões foram obtidos com empréstimos em bancos, com garantias da empresa. São débitos bancários do clube. O restante, R$ 433,8 milhões é dívida direta do Corinthians com a Odebrecht.

Segundo a diretoria corintiana, os juros cobrados pela empreiteira estão em um patamar entre a TJLP (taxas mais baixas do BNDES) e a dos bancos (mais altas). A cúpula do clube está preocupada com o volume de débito por causa da demora da liberação da verba do banco estatal.

No momento, o Corinthians já acumula um valor entre R$ 70 milhões e R$ 80 milhões em juros a serem pagos a bancos e à Odebrecht. Ou seja, o débito com a construtora já ultrapassa o valor que foi investido, sendo difícil de ser calculado precisamente neste momento.

Quando o dinheiro do BNDES sair, começará a ser usado para pagar a Odebrecht. O mesmo ocorrerá com os CIDs (títulos de incentivo da prefeitura). A partir daí, o débito que hoje é com a construtora e bancos passará a ser com a Caixa Econômica, banco repassador dos recursos federais.

No caso do Flamengo, já está alinhavada e aprovada operação de adiantamento de R$ 30 milhões do Consórcio Maracanã SA, liderado pela Odebrecht, referentes ao contrato de três anos para o clube atuar no estádio. Esse valor será descontado das rendas da arena.

Membros da diretoria rubro-negra admitem que, com essa dívida para quitar, não poderão romper o contrato mesmo que verifiquem condições desfavoráveis. A estimativa é de um ganho de R$ 100 milhões em três anos de compromisso.

No caso do Flu, há o acordo para o consórcio liberar um valor entre R$ 9 milhões e R$ 13 milhões para a construção do centro de treinamento do clube, que ainda está travado por falta de outras verbas.

Esse dinheiro também será descontado das bilheterias do estádio e foi negociado dentro do contrato de 35 anos para o time atuar no Maracanã. A diretoria tricolor até agora não reconheceu esse empréstimo, que foi confirmado por fonte do negócio ao blog.

O blog apurou que também houve adiantamento ao Bahia referente ao contrato para utilização da Fonte Nova. Não foi possível saber qual o valor do empréstimo.

Dentro da Odebrecht, há a certeza de que a empresa já se tornou uma peça importante no jogo de poder do futebol brasileiro ao construir arenas e acumular créditos com os times de futebol. Claro que os débitos colocam os clubes em posição mais fracas nas negociações contratuais.

Com isso, a empreiteira assume um papel, em menor escala, parecido com o da Globo. A emissora de televisão é credora de quase todos os clubes nacionais por conta de adiantamentos dos contratos de televisão.

O poder da Odebrecht ainda é menor porque a receita de estádios é bem inferior a de tv. Conforme crescer a fatia da renda com as arenas, aumentará a influência da construtora no futebol.

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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