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Corinthians tem de escolher entre sua torcida e organizadas

rodrigomattos

06/02/2014 00h12

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_)

Fora a crise técnica acentuada pela derrota diante do Bragantino, o Corinthians vive um momento decisivo em que tem de escolher: a sua torcida e atletas ou os seus grupos organizados. É o que indica o confronto entre membros das uniformizadas e corintianos comuns, além das hostilidades crescentes com os jogadores.

A maioria da torcida do Corinthians composta por milhões é que proporcionou ao clube os contratos mais vultosos de patrocínio, de televisão e pode tornar seu estádio o mais lucrativo do Brasil. São as pessoas que sustentam o clube.

Os grupos organizados aproveitam-se da imagem e símbolo do clube para vender camisas, para criar uma lucrativa escola de samba no caso da Gaviões da Fiel e para no passado vender ingressos. Esses grupos são sustentados, ainda que indiretamente, pelo o clube.

É claro que não há apenas vândalos e bandidos nas organizadas. É claro que os dois grupos descritos se misturam, e há um bom número de organizados que pagam o Fiel Torcedor. É claro que as organizadas contribuem para o espetáculo.

Mas quando um grupo significativo desses membros de uniformizadas silencia na pancada pessoas comuns que torcem pelo mesmo time fica claro que não é uma minoria que cria confusão. O próprio líder da Gaviões considera normal dar um soco na cara de alguém.

Desde o ano passado, os atos de violência das organizadas corintianas têm provocado repulsa entre os torcedores da equipe em outros setores da arquibancada. É o que se lê na internet mesmo dos insatisfeitos com o rendimento do time.

Também há um conflito claro com os jogadores quando há um invasão para agredi-los. Sua intenção de fazer greve também foi repudiada pelas organizadas na arquibancada do Pacaembu.

Como clientes e consumidores, boa parte dos torcedores ameaça desistir dos jogos do Corinthians. Porque um cidadão de paz vai se meter em um ambiente constantemente violento? Por que vai se expor esse perigo? O público já está abaixo da média neste ano. O mesmo raciocínio vale para jogadores, atuais e futuros do clube. Quem vai querer trabalhar ameaçado com frequência?

Isso ocorre em outros times, e no futebol em geral, onde as brigas são o principal fator para deixar longe dos campos os fãs. Mas, no Corinthians, isso tem acontecido de forma muito mais acentuada.

Não se está neste post minizando a crise técnica do time corintiano. Há, sim, um problema grave na equipe desde o ano passado, que se acentuou. Mas não será na base da pancada que vai se resolver. E há um problema maior do que a falta de bons resultados, cíclica, que é a relação com seus fãs, clientes, consumidores, torcedores.

O Corinthians se orgulha de não ser um time que tem uma torcida, mas de ser uma torcida que tem um time. Se essa máxima é verdadeira, está na hora de a diretoria do clube ouvir os reais donos da equipe sobre o que está sendo feito com seu objeto de paixão.

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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