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São Paulo estuda fundo para pagar dívida, mas tem cautela com Conselho

rodrigomattos

06/02/2015 06h00

A diretoria do São Paulo tem um plano para criar um fundo com os ativos do clube para pagar as dívidas bancárias. Só que o assunto é tratado com cautela na cúpula são-paulina por possíveis resistências no Conselho Deliberativo. Tanto que o presidente Carlos Miguel Aidar nega, por meio de assessores, que vá levar a ideia a adiante.

De início, o dirigente queria negociar a bilheteria do clube por dez anos com um grupo ligado à BWA. Receberia o dinheiro antecipado que seria descontado com as rendas do time. Só que a ideia foi rejeitada no conselho, e por isso passou por uma reformulação.

Agora, um grupo dentro da diretoria aliado a empresários – entre eles Vincíus Pinotti que bancou a contratação de Centurión – busca uma solução para a débito bancário, que cresceu na gestão de Juvenal Juvêncio. A avaliação é de que o valor atingiu cerca de R$ 150 milhões, que, segundo a atual gestão, gera encargos de R$ 7 milhões a R$ 9 milhões por mês.

"Esse grupo está buscando uma solução com um fundo que poderá fazer um aporte por meio de uma operação no mercado. Claro, isso terá de ser votado no conselho e ainda está sendo desenhado", contou o diretor de marketing do São Paulo, Ruy Barbosa. "O fundo compraria a dívida e passaria a ser titular de ativos do clube: poderia ser bilheteria, patrocínio, tudo que for possível para garantir o valor."

Ruy explicou que o fundo poderia funcionar como um private equity (fundo sem funcionamento na bolsa), embora o modelo ainda esteja sendo estudado. Assim, investidores botariam dinheiro no fundo, que seria destinado a pagar o débito. Em troca ,o fundo seria remunerado pelas receitas futuras do clube. O problema maior, no entanto, é convencer o conselho.

O blog procurou Aidar para falar sobre o assunto, mas foi informado que ele não dá mais entrevistas. A assessoria de imprensa disse que o plano do fundo está estagnado há um mês e não vem sendo discutido, a ponto de ser quase descartado pelo presidente. Segundo a assessoria, Aidar já desmentiu para vários conselheiros que vá usar ativos do clube para pagar dívidas e ainda não tem uma solução para o problema.

Mas o blog apurou entre conselheiros uma versão diferente. Pelo que foi ouvido de conselheiros, Aidar, de fato, descartou o plano de vender a bilheteria a BWA. Mas dirigentes do clube já conversaram com conselheiros sobre o fundo de investimentos que ficaria com ativos do São Paulo para pagar a dívida, o que reduziria os encargos. Versão similar a dada por Ruy Barbosa.

Certo é que o clima no conselho deve voltar a esquentar na próxima reunião, no dia 10. Entre os assuntos, está um pedido de refinanciamento bancário, sem dar detalhes, o que deve gerar nova discussão sobre a dívida do clube.

Após a publicação do post, a assessoria do São Paulo enviou uma nota de esclarecimento que publico abaixo:

A dívida do SPFC, que já ultrapassa a casa dos R$ 150 milhões de reais, é, se não a maior, uma das mais importantes preocupações da atual diretoria. Encontrar alternativas que  permitam a resolução desse problema, ou ao menos a mitigação, é o desafio diário a que se impôs o presidente Carlos Miguel Aidar e seus principais companheiros que ocupam cargos diretivos nessa gestão. Cerca de R$ 8 milhões de reais mensais, pagos a bancos, sangram dos cofres são-paulinos mensalmente, para o pagamento do serviço  e amortização dessa dívida. Uma situação que, apesar de ainda muito melhor do que a de outros grandes clubes brasileiros, é inédita na história do SPFC e precisa ser equacionada no menor prazo possível. 

Nesse contexto, muitas alternativas vem sendo apresentadas e discutidas, dentro do compromisso da gestão atual com a boa governança e as melhores práticas. Contudo, sem ainda nenhuma definição ou aprofundamento de estudos. 

Assim que surgir uma solução que seja a mais adequada para as necessidades e realidade do São Paulo Futebol Clube, a diretoria, liderada pelo presidente Carlos Miguel Aidar, produzirá estudos e avaliações para que se produza um projeto. Imediatamente, então, esse plano seria submetido à apreciação do Conselho Deliberativo. E só com o aval dele seria executado. 

Sendo assim, São Paulo Futebol Clube:

– lamenta a divulgação de especulações, que só alimentam os boatos e serve de combustível para os detratores dessa gestão;

– reitera que não há, atualmente, negociações em curso sobre esse assunto com nenhuma empresa;

– esclarece que a alternativa apresentada na reportagem é apenas uma das inúmeras que vem sendo apontadas;

– e informa que nenhuma proposta de solução para o problema foi apresentada até hoje ao Conselho e só o será quando a diretoria avaliar todas as possibilidades.

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


Rodrigo Mattos