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OAS anuncia venda de estádios da Copa sem avisar Estados e sem autorizações

rodrigomattos

02/04/2015 06h00

Investigada pela operação Lava-Jato e em recuperação judicial, a OAS anunciou a venda de parte da Arena Fonte Nova e da Arena das Dunas sem avisar os governos da Bahia e do Rio Grande do Norte. Detalhe: as negociações dos estádios só podem ocorrer com as autorizações dos Estados, que são os donos e os responsáveis por pagar as construções deles. A construtora alega que não precisa avisar que tem a intenção de repassar as arenas.

A OAS ganhou o direito a levantar e fazer a gestão da Arena das Dunas e da Arena Fonte Nova, esta última dividida com a Odebrecht. Nesta terça-feira, a empresa anunciou que venderia 100% do estádio potiguar, e 50% do baiano. Ambos têm operado com prejuízo.

O contrato da Arena das Duas com a empreiteira estabelece que, pela cláusula 5, "a transferência, a qualquer título, da concessão administrativa somente poderá ser feita com prévia e expressa autorização do Estado". Pelo documento, a OAS também é obrigada a comunicar qualquer situação que altere a construção do estádio ou a prestação de serviços neste. Bens na arena não podem ser alienados.

"Até o presente momento o Governo do Estado não recebeu a notificação oficial sobre a negociação de ativos da Arena Das Dunas. Tão logo seja comunicado, o documento será submetido ao setor jurídico para apreciação e posterior divulgação das providências a serem adotadas pelo Governo do Rio Grande do Norte", informou o governo do RN.

O contrato da Fonte Nova determina que qualquer transferência de controle acionária do estádio tem que ter autorização do Estado. É obrigatória a notificação do governo sobre eventual substituição, assim como a demonstração de que a nova empresa tem condições de assumir a arena. Como no RN, a Secretaria de Trabalho, Emprego e Esporte da Bahia informou que só soube da venda do estádio pela imprensa, sem nenhum comunicado da OAS.

A OAS alega que não descumpriu nenhum acordo: "O contrato de Concessão não prevê qualquer anuência prévia para eventual intenção de negociar uma participação acionária da Fonte Nova. A autorização somente deve ser dada após a formalização de fato de um interessado no negócio", afirmou a construtora.

O governo do RN paga cerca de R$ 10 milhões por mês à empreiteira pela gestão do estádio. Na Bahia, a Concesionária composta por OAS e Odebrecht recebe um valor não divulgado pelo mesmo motivo. Os governos ainda são responsáveis por pagar em parcelas por toda a construção, R$ 684 milhões na Arena Fonte Nova, e outros R$ 400 milhões na Arena das Dunas.

A empreiteira, no entanto, argumenta que foi ela que levantou os recursos para a realizar os estádio, sendo sua remuneração feita por pagamentos parcelados. "A contraprestação está dividida entre a parcela fixa e variável. A fixa remunera o investimento da concessionária na construção e a variável remunera a operação sempre atrelado ao desempenho", contou a OAS.

A questão é que esses recursos levantados foram em maioria públicos. Afinal, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) fez empréstimos de até R$ 400 milhões para os estádios da Copa com juros de TJLP, bem mais baixos do que o mercado.

 

 

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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