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CBF aumenta maratona para times na Libertadores. Corinthians sofre mais

rodrigomattos

22/04/2015 06h00

Os clubes brasileiros chegam aos confrontos decisivos da Libertadores após enfrentarem uma maratona de jogos bem maior do que nos últimos anos no país. Isso ocorre por causa de duas medidas da CBF: redução do intervalo mínimo entre partidas e imposição da pré-temporada sem cortar datas.

Ao contrário de outros anos, os Estaduais só começaram em fevereiro para que os times tivessem pré-temporada. Mas os campeonatos não diminuíram, então o calendário ficou espremido. Para isso, a confederação derrubou de 66 para 60 horas o período de descanso entre jogos em seu regulamento de competições, e lutou na Justiça contra a ampliação desse limite mínimo.

Quem mais sofreu com a maratona foi o Corinthians, seguido pelo Cruzeiro. Mas São Paulo, Inter e Atlético-MG também tiveram prejuízos menores. O excesso de jogos em pouco tempo relembra a década de 90 antes de a CBF tirar equipes que estava na competição sul-americana das primeiras fases da Copa do Brasil.

Levantamento do blog mostra que os times brasileiros na Libertadores tiveram de atuar 14 vezes com intervalos menores do que 66 horas, sendo sete vezes os corintianos. Desse total, quatro jogos sequer respeitaram o período mínimo de 60 horas, no caso duas partidas do Cruzeiro e duas do alvinegro paulista.

O time cruzeirense teve que atuar duas vezes pela Libertadores com intervalo mínimo menor do que o previsto em regulamento, entre elas o jogo decisivo desta terça-feira. Já o Corinthians sofreu com período menor do que 66 horas para enfrentar o Palmeiras na semifinal do Paulista. No total, o time jogará 25 vezes em 87 dias com o clássico diante do São Paulo.

Além de derrubar o intervalo de jogos, a CBF brigou na Justiça contra decisão em sentido oposto. Em novembro, a Justiça do Trabalho de Campinas determinara que jogadores não deveriam atuar com descanso menor do que 72 horas entre partidas em ação movida pela Fenapaf (Federação Nacional de Atletas). Havia previsão de multa diária de R$ 25 mil.

Só que, no início de março, houve suspensão do processo. Estranhamente, isso ocorreu com concordância das partes, o que significa que a federação que representa os atletas concordou. E a CBF ficou liberada para espremer o calendário e os jogadores.

PS Após a publicação do post, o diretor de competições da CBF, Manoel Flores, ligou para fazer comentários. Contou que a redução do intervalo mínimo de 66 horas para 60 horas foi determinada porque o período anterior não vinha sendo cumprido. E a confederação se esforçou para evitar casos como o do Cruzeiro com jogos com menos de 60 horas de descanso.

Flores ressaltou que a pré-temporada é uma conquista para o calendário do futebol brasileiro e lembrou que já houve uma redução dos Estaduais de 23 para 19 datas de 2013 para 2014.

Nota blog:  Concordo que a pré-temporada é uma evolução (embora ainda menor do que deveria), mas entendo que ela deveria vir acompanhada de redução mais drástica dos Estaduais. E o intervalo deveria ser mantido em 66 horas e respeitado. O que se ganha ao dar mais tempo para os jogadores se prepararem no início do ano se perde ao lhes impor maratonas.

É positivo que a CBF se abra à discussão sobre o calendário, um dos maiores entraves do desenvolvimento do futebol brasileiro. 

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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