Só contrato da Nike gerou R$ 47 mi para Teixeira, indica polícia dos EUA
rodrigomattos
27/05/2015 15h57
Os documentos da investigação de órgãos dos EUA sobre contratos da CBF mostram que só o acordo da Nike gerou R$ 47 milhões em propinas para o ex-presidente Ricardo Teixeira. Pelo menos é o que diz José Hawilla, dono da Traffic, intermediadora da negociação à Justiça norte-americana. O executivo confessou crimes e devolverá dinheiro ao governo norte-americano.
Nesta quarta-feira, são 14 dirigentes ligados à Fifa acusados de crimes entre eles o vice-presidente da CBF, José Maria Marin, que está detido na Suíça. As ordens para prendê-lo vieram de processo nos EUA que investigam crimes no país com grampos e documentos fiscais.
Segundo a Justiça americana, há documentos nos diversos processos que mostram um acordo secreto para uma empresa de material esportivo norte-americana pagar um total de US$ 40 milhões para a Traffic em conta na Suíça. É uma comissão por acordo assinado entre a empresa e a CBF em 1996, por dez anos, por US$ 160 milhões. Ou seja, a empresa é a Nike.
Do total do pagamento por fora previsto, efetivamente foram transferidos US$ 30 milhões entre 1996 e 1999, o que representa R$ 94 milhões. Esses pagamentos estão provados por documentos.
"Hawilla concordou em pagar e pagou ao conspirador número 13 (Teixeira) metade do dinheiro que ele fez com o negócio, totalizando milhões, como uma propina e um suborno", afirma o documento da Justiça Americana.
O conspirador número 13 foi quem fechou o contrato pela CBF. É descrito como um alto dirigente da Conmebol, da Fifa e da CBF, e responsável por negociar acordos da entidade. Apenas o então presidente da confederação Ricardo Teixeira se encaixava neste perfil à época. Ou seja, segundo Hawilla, Teixeira ficou com R$ 47 milhões do acordo.
O dirigente não é citado porque não foi indiciado pelo Departamento de Justiça americano. Mas as autoridades dos EUA já informaram que a investigação está apenas começando.
O ex-cartola da confederação ainda não foi encontrado apesar do contato com pessoas próximas. A Nike se manifestou por meio de nota. Veja abaixo:
"Como todos os nossos fãs ao redor do mundo, nós somos apaixonados pelo jogo e estamos preocupados com essas acusações muito sérias. A Nike acredita fortemente em ética e fair play tanto nos negócios como no esporte, e repudia fortemente toda e qualquer forma de manipulação ou propina. Nós já estamos cooperando, e seguiremos cooperando, com as autoridades."
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Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
Sobre o Blog
O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.