Cruyff: o fundador do futebol moderno ao quebrar as regras do jogo
rodrigomattos
24/03/2016 10h35
Pense no Barcelona ou no Bayern de Munique saindo com a bola de pé em pé de sua defesa, em um time sem posições fixas e com uma dinâmica própria, nas disputas de bola palmo a palmo em cada espaço do campo como se fosse um society. É o futebol total. Quem você acha que inventou tudo isso? Guardiola?
Errado. Cruyff, o gênio holandês que morreu nesta terça-feira aos 68 anos, é o fundador de tudo que admiramos no atual jogo moderno. Na década de 70 – ou seja, 20, 30 anos antes dos outros – enxergou para onde ia o futebol.
Com ele, a seleção holandesa e o Ajax se transformaram em times onde as regras podiam ser quebradas. Valia um centroavante que não ficava preso na área, uma antes desconhecida linha de impedimento, uma equipe que teria de jogar tão junta que corria o campo inteiro. Todos. Tal era a quebra de regras que podia até bater pênalti em dois toques (sim, não foi Messi que inventou isso).
Essa revolução foi comandada de dentro de campo por Cruyff, embora tivesse em Rinus Michels seu mentor fora do campo. Não ganharam a Copa-1974 ao perder da pragmática Alemanha. Mas quem foi o vencedor: quem levou a taça ou quem conquistou o futuro?
A transgressão de Cruyff não se limitou ao campo. Fora dele, os holandeses levaram suas mulheres a concentrações, ele fumava e bebia sem esconder, não admitia o controle de federações sobre seus patrocínios o que até lhe rendeu acusações de ser mercenário.
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Encerrada sua carreira, transformou-se em técnico e foi o responsável por iniciar no Barcelona o tipo de jogo que até hoje se vê no time. Influenciou a formação de atletas no time espanhol, e na tática sem amarras. Queria o máximo de cada um daqueles que estavam a sua volta a ponto de ter barrado Romário para que rendesse mais.
Para além de toda revolução que representou, Cruyff foi provavelmente um dos cinco maiores jogadores da história do futebol. Reunia em si habilidade, jogadas de execução técnica difícil, e a visão de campo incomum. Sim, eu não o vi jogar ao vivo. Mas assista aos vários vídeos dele que qualquer um compreenderá sua grandeza.
A morte de Cruyff deixa o futebol mais triste, mas sua passagem pelos campos fez o jogo muito maior do que era antes.
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Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
Sobre o Blog
O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.