Novo ministro do Esporte, Picciani teve ganhos com obras olímpicas
rodrigomattos
12/05/2016 16h02
Nomeado novo ministro do Esporte pelo presidente interino Michel Temer, o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ) ganhou dinheiro indiretamente com obras olímpicas e recebeu doações de empreiteiras que atuam em projetos dos Jogos. A primeira informação foi revelada pela "TV Record" no final de 2015 quando ele era parlamentar, e a segunda, consta de sua prestação de contas. A assessoria do parlamentar negou que exista qualquer conflito de interesse com seu novo cargo.
Picciani e sua família são sócios da empresa Agrobilara, com sede em Uberara, Minas Gerais. Em 2011, a empresa tornou-se sócia da Tamoio Mineração S/A. Depois, essa prederia passou a fornecer brita para as construções do Parque Olímpico e da Transolímpica.
Os valores dos contratos não são informados porque são pagos por empreiteiras dentro de PPPs (Parcerias Público-Privada). Não são acordos diretos com o governo. No caso do Parque Olímpico, os pagamentos são feitos pelo Consórcio Rio Mais, liderado pela Odebrecht.
A Agrobilara é o principal item do patrimônio do atual ministro. Ele tinha oito mil cotas no valor de R$ 6,673 milhões pela sua declaração à Justiça Eleitoral. Atualmente, a empresa vale R$ 40 milhões, e Leonardo Picciani é dono de 20% dela.
Sua assessoria confirma a participação societária, mas nega qualquer atuação na gestão da Tamoio. "Convém esclarecer que a Agrobilara não participa da administração da Tamoio nem tem ninguém indicado por ela no conselho de administração", informou a assessoria. Ainda alegou que a Tamoio ganhou os contratos pela proximidade com o Parque Olímpico, que permite que ofereça o menor preço pela brita.
Além disso, a campanha a deputado federal de Leonardo Picciani em 2014 recebeu R$ 800 mil em doações de empreiteiras com participações em projetos olímpicos. São as construtoras Queiroz Galvão, OAS e Carioca Engenharia. Elas participam de projetos como a Linha 4 do metrô, o Parque Olímpico de Deodoro, Porto Maravilha e o BRT Transolímpico.
A assessoria do novo ministro ressaltou que as obras estão no final, e que o Ministério do Esporte não é responsável pela execução desses projetos. E informou que as doações foram legais e não têm relação com as obras. As obras são tocadas pela prefeitura do Rio de Janeiro, algumas delas com financiamento ou recursos diretos do governo federal via Ministério do Esporte.
Veja toda a nota da assessoria do ministro do Esporte, Leonardo Picciani:
Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
Sobre o Blog
O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.