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Após sete anos, Palmeiras e Fla voltam a disputar Brasileiro mais maduros

rodrigomattos

12/09/2016 06h00

A última vez que Palmeiras e Flamengo disputaram o Brasileiro, em 2009, viviam ambos um sonho de uma noite de verão. Ou seja, tinham um projeto de um ano no máximo, um tiro curto ali, planejamento naquela e para aquela temporada. Agora, ambos voltam a rivalizar pela taça com estruturas que lhes permitem ter presença frequente na ponta do futebol nacional.

Primeiro, ressalte-se que não se presume que o Nacional já está decidido que ficará entre os dois clubes. O Atlético-MG tem boas chances de brigar com elenco encorpado e a apenas quatro pontos do topo, e um jogo a menos. Há ainda possibilidades mais remotas para Corinthians e Santos como demostram algumas edições do Nacionais com arrancadas no final.

Concentro-me nos dois ponteiros porque protagonizam nesta quarta-feira, de novo, um duelo pelo campeonato como em 2009. Naquela edição, enfrentaram-se na 30a rodada, com o Palmeiras em 1o e o Flamengo, em 5o, sete pontos a menos. O time rubro-negro venceu, e arrancou para o título. Desta vez, a distância é de um ponto.

Mas essa não é a principal diferença. Aquele Palmeiras, que acabou fracassando, era um time montado pelo dinheiro da Traffic e uma decisão do então presidente Luiz Gonzaga Beluzzo de investir a todo custo pelo título. Em resumo, não havia recurso próprio para montar aquele time e o clube se endividou e viveu temporadas de penúria depois – um rebaixamento foi a herança.

Nesta sua gestão, o presidente Paulo Nobre criou um plano para recuperar o clube. É fato que usou o seu próprio dinheiro com empréstimo o que gera dependência política dentro da agremiação – espera-se que, quando sair, isso não abale o alviverde. Além disso, gerou um aumento de dívida no ano passado pelo excesso de gasto no futebol.

Mas deu certo seu planejamento de ensinar o Palmeiras a ter seu próprio dinheiro. O alviverde tem uma base sólida de receita própria – estádio, mais sócio-torcedor – que permite que se mantenha no topo se for bem gerido. Podem haver altos e baixos, normais em clubes, mas hoje o Palmeiras se coloca em situação melhor do que os rivais do Estado. Ressalte-se que o estádio é também mérito do mesmo Beluzzo que errou com o time em 2009.

No caso do Flamengo, o time campeão em 2009 foi um acaso, uma dessas conjunções de fatores que só acontece no futebol. Naquele ano, o clube estava falido, com uma dívida impagável, fruto de seguidas administrações irresponsáveis até 2002.

O time chegou a brigar embaixo da tabela no início do campeonato tanto que Cuca – esse mesmo que disputa o título pelo Palmeiras – foi demitido. Mas chegou Adriano, que quis voltar para o Flamengo, um Petkovic renascido, um time que encaixou apesar de tudo. E lá veio o hexa para o rubro-negro.

Mas não era um projeto sólido tanto que no ano seguinte o Flamengo fracassou na Libetadores com os mesmos elementos. Brigou na ponta do Nacional de novo em 2011 com um time que não podia pagar e por isso se desmontou em seguida, endividado.

Agora, o Flamengo começou a se reconstruir em 2013 quando a atual gestão assumiu o clube e passou a sanear suas finanças. O time atual é consequência disso: há dinheiro para atletas como Diego e Guerrero, sem atrasar salários, além de uma estrutura apropriada. Se houver estabilidade para o técnico Zé Ricardo há tendência de um projeto duradouro. Também haverá altos e baixos, mas com o time perto do topo.

Dito isso, palmeirenses e rubro-negros têm o que festejar mesmo que não levem o título Brasileiro. Claro, um torcedor que ler isso rirá da minha cara por essa afirmação. Mas o trabalho de dirigentes e técnicos é botar os times em condições de disputar as taças. Essas podem ser ganhas ou não por diversas circunstâncias, futebol é um jogo humano, sujeito a suas variações e ao acaso. Mais certo é que, mantidas as condições atuais, Palmeiras e Flamengo viverão mais de um verão felizes.

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


Rodrigo Mattos