Por que a reforma da Libertadores copia o modelo da Liga dos Campeões
rodrigomattos
30/09/2016 06h00
Com Pedro Ivo Almeida
A reforma da Libertadores tem uma série de medidas que se inspiram abertamente na Liga dos Campeões. Não é à toa. Seu principal objetivo é aumentar as receitas dos clubes por meio da valorização da competição, buscando justamente o processo ocorrido na Europa anos atrás.
O pacote de mudanças inclui a transformação da competição em anual, o aumento do número de participantes, padronizações para procedimentos de jogo e estádios e possivelmente uma final única. Essas alterações terão de ser aprovadas pelo Conselho Executivo da Conmebol, em reunião no domingo. A maioria deve passar porque os países já deram aval a elas.
Primeiro, vamos explicar como se deram as reformas. No final de 2015 e início de 2016, clubes de todo o continente, liderados por argentinos e uruguaios, criaram um grupo para exigir transparência da Conmebol sobre contratos da Libertadores. Afinal, três presidentes da entidade foram presos justamente por levar propinas para ceder esses direitos a televisões e empresas.
Times brasileiros ainda se reuniram em separado com a cúpula da Conmebol e pediram mudanças para tornar a competição mais atrativa e rentável, já que hoje dá menos dinheiro que alguns Estaduais.
Pressionado, o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, além de reajustar os prêmios, contratou a consultoria Mckinsey para realizar um estudo para aumentar receitas da Libertadores. O documento basicamente recomendou que se seguisse o modelo da Liga dos Campeões em vários aspectos, dizem fontes que tiveram acesso a ele.
No twitter, Dominguez afirmou que a emoção do futebol sul-americano era única e negou a cópia: "Calendário anual busca superar desafios do futebol sul-americano e melhorar a qualidade, não imitar." Só que há muitos pontos em comum da nova Libertadores com a Liga dos Campeões. Vejam eles:
– Competição de fevereiro a novembro, anual e terminando no último mês da temporada.
– Final em jogo único – Está em discussão e divide opiniões na Conmebol. Mas, se acontecer, será em um sábado no final de novembro, exatamente como a Liga dos Campeões em maio.
– Aumento do número de clubes – Já está aprovado o incremento de 38 para 42 times, ainda a definir as vagas. A Liga dos Campeões tem três fases eliminatórias antes da de grupos e foi inflada pelo ex-presidente da UEFA Michel Platini que deu chance a países menores. Na América do Sul, com poucos países, o Brasil deve ser contemplado e ter seis vagas. Isso é uma diferença entre os dois modelos.
– Eliminados da Libertadores entram na Copa Sul-Americana – Essa mudança, já decidida, cria uma relação igual a da Liga dos Campeões e a Liga Europa. Os times eliminados do principal torneio europeu que ficam em terceiro no grupo têm direito a entrar na segunda competição em importância.
– Padronização de gramados e estádios – A Conmebol deseja instituir uma fiscalização para, aos poucos, melhorar e padronizar os estádios e gramados usados na Libertadores, como ocorreu na Europa.
– Procedimentos do dia de jogo – A UEFA tem uma série de medidas padrão para seus dias de jogo da liga: horário rígido, chegada de delegações, entrada de times juntos, estádios limpos de publicidade. Há a intenção da Conmebol de adotar um protocolo na Libertadores, alguns itens de publicidade já estão em vigor.
Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
Sobre o Blog
O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.