CBF apequena Brasileiro com seu novo calendário pegadinha para 2017
rodrigomattos
15/11/2016 06h00
Quando a Conmebol decidiu transformar a Libertadores em anual, a reação positiva foi geral: era uma mudança esperada e que fazia todo sentido para a principal competição do continente. Restava saber como a CBF adaptaria o nosso calendário à nova realidade. Pois bem, a confederação aprensentou um calendário que mantém todos os defeitos e vícios atuais, e ainda piora determinadas situações. Uma verdadeira pegadinha que finge trazer novidades, mas só apresenta velharias.
Vamos aos fatos. A Libertadores aumentou em sua fase prévia e passou a estender sua primeira fase pelo primeiro semestre. Reduziu o número de jogos da competição sul-americana nesta metade do ano. Seria a chance de a CBF reduzir e comprimir os Estaduais e estender o Brasileiro por todo o ano.
Em vez disso, a confederação manteve as competições regionais com 18 datas e aumentou a sua duração até a primeira semana de maio – antes, acabaria em abril. Ou seja, se a Libertadores se torna anulizada, o Nacional continua a começar só no meio de maio, e dura seis meses e meio. Sim, pouco mais de um semestre para o campeonato mais importante do país que perdeu uma semana em relação ao primeirao calendário. Enquanto isso, os Estaduais se estendem por longos 15 finais de semana, fora o carnaval.
A Copa do Brasil continua a ser quase no ano inteiro, começando e acabando um pouco mais cedo (de fevereiro a outubro), e com jogos únicos das duas primeiras fases. Mas as duas finais, marcadas para setembro e outubro, agora ocorrerão dois dias depois de partidas de eliminatórias do Brasil. Se houver algum convocado de um dos times, terá de jogar no sacrifício com 48 horas de intervalo, bem abaixo do recomendado. Pior, há uma distância de 35 dias entre as duas finais, o que muda a realidade dos times entre os jogos.
A diretoria da CBF prometera que o Brasileiro iria parar durante todo o período de 15 dias das eliminatórias. Cumpriu agora com sacrifício das finais da Copa do Brasil. Mais, há quatro datas Fifa (duas duplas), de amistosos da seleção, que devem afetar seis rodadas do Nacional. Os jogos estão marcados para o dia seguinte à partida do Brasil, ou para a véspera.
O calendário da confederação, como esperado, manteve a exclusão da Primeira Liga. Essa competição é considerada pelos clubes mais interessante do que os Estaduais: teve média de público bem superior em 2016. Havia a promessa da CBF de aceitá-la como oficial após disputa no início do ano. Não aconteceu no primeiro calendário, e nem agora no segundo.
Por incrível que pareça, com erros e acertos, a Conmebol foi capaz de mudar a estrutura da Libertadores ao torná-la anual. Em contrapartida, a CBF fez questão de mexer o menos possível na organização do calendário nacional, e manter velhos defeitos. Bem do jeito que os presidentes de federações aliados de Marco Polo Del Nero desejam, e que só prejudica os clubes.
Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
Sobre o Blog
O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.