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Taça do Palmeiras mostra que é cada vez mais difícil ser campeão brasileiro

rodrigomattos

28/11/2016 05h00

A campanha do Palmeiras para ser campeão brasileiro mostra que a cada ano é necessário mais pontos para atingir o título. Ou seja, a diferença entre o campeão e os primeiros colocados (a elite) para os outros só aumenta. De uma certa forma, isso indica que o equilíbrio do Nacional entre os times do topo e os outros tem sofrido uma redução paulatina nos pontos corridos.

Para chegar a essa constatação, basta analisar uma série histórica do Brasileiro de pontos corridos com 20 times. A comparação começa com o Nacional de 2006 vencido pelo São Paulo. Desde então, são 11 edições com o mesmo formato e número de participantes.

Pois bem, nos seis primeiros Brasileiros de pontos corridos, o campeão obteve em média 73,2 pontos para alcançar o título. O São Paulo ganhou com 78 pontos e foi considerado um fenômeno à época.

Depois disso, as cinco edições recentes do Brasileiro tiveram uma média de 78,2 pontos ganhos pelo campeão, considerando o Palmeiras com a pontuação atual. Ou seja, o time vencedor do título ganhou cinco pontos a mais do que nos primeiros anos do Brasileiro. Em 2015, o Corinthians atingiu o maior patamar de pontos com 81, superando em um o Cruzeiro do ano anterior. E o time alviverde pode igualar os cruzeirenses se vencer na última rodada.

Isso significa que o Nacional está mais desequilibrado? Sim e não. A briga pelo principal posto foi acirrada neste ano até o Palmeiras obter uma vantagem nas rodadas finais. A questão é que os times na parte de cima da tabela estão ganhando mais pontos em relação aos outros. Com 70 pontos, o Flamengo é candidato a melhor vice se bater o Atlético-PR na última rodada. Tanto o Fla quanto o Santos já superam a campanha rubro-negra campeã de 2009.

A explicação está nas finanças. Há uma tendência de arrumação de contas dos clubes nacionais – nem todos é verdade – e com isso o dinheiro passa a fazer mais diferença na tabela. Palmeiras e Flamengo, por exemplo, são hoje os que mais arrecadam no país, e estão na ponta da tabela. Claro, isso não está tão consolidado e sempre haverá variantes: o Santos teve ano ruim financeiramente e fez boa campanha.

Mas, cada vez mais, o Brasileiro tende a ficar mais parecido com as ligas europeias. Por lá, haverá surpresas como um Leicester na Inglaterra, ou Leipzig neste ano na Alemanha. Mas, majoritariamente, os clubes mais ricos aumentam a distância para os mais pobres.

Na última temporada, por exemplo, o Barcelona foi campeão com 91 pontos na Liga espanhola, e a Juventus ganhou o título italiano com a mesma pontuação, bem mais do que se vê no Brasil. Ambos os campeonatos têm 20 times. Na Espanha, todos as três equipes no topo tiveram mais de 88 pontos, e, na Itália, tiveram ao menos 80 pontos. O próprio Leicester ganhou 81 pontos para ser a surpresa inglesa, o que seria recorde no Brasil.

Não dá para saber se Brasileiro vai evoluir a ponto de se tornar parecido com esses campeonatos europeus. Mas atualmente há uma tendência de a elite se distanciar dos demais a cada ano.

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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