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Em ano de crise, clubes inflam contratações em 85% e gastam R$ 212 mi

rodrigomattos

17/01/2017 04h00

Em um ano de crise na economia do país, os clubes brasileiros aumentaram os gastos em contratações do exterior em 2016 em 85%: atingiram um total de R$ 212 milhões. A comparação foi feita pelo blog em cima de números divulgados pela CBF. Agentes do mercado de transferência de jogadores explicam o crescimento pelo maior volume de dinheiro de televisão no ano passado e pela repatriações de atletas.

O relatório da CBF mostra que foram 44 jogadores que vieram do exterior para o Brasil no ano passado com pagamento de multa. Eles custaram R$ 212,5 milhões aos clubes nacionais. Foram 694 atletas transferidos de fora para o país considerados os que vieram sem custo.

Em 2015, o investimento de times brasileiros em jogadores de outros países foi de R$ 114,4 milhões. E foram apenas 14 atletas. Na média, aquelas transações foram até mais caras, mas o volume de dinheiro era bem menor. Chegaram ao país 653 atletas profissionais no total.

Ainda foram gastos R$ 68,8 milhões com transferências dentro do país em 2016, segundo os dados da CBF. Não é possível estabelecer uma comparação com 2015 porque a confederação não tinha divulgado os números daquele ano. Mas isso significa que os times brasileiros gastaram cerca de R$ 280 milhões, no total, em contratações de atletas.

Um executivo bem atuante no mundo do futebol, que preferiu não se identificar, atribuiu o movimento ao uso de luvas recebidas pelos clubes nas negociações de direitos de televisão com o Esporte Interativo e com a Globo, que compraram partes do Brasileiro a partir de 2019. Segundo ele, assim que recebia as luvas, a maioria dos cartolas inundava o mercado com o dinheiro. Alguns poucos priorizaram pagar dívidas.

Além das luvas, houve um aumento de receitas de televisão por conta da entrada em vigor do novo contrato com a Globo para o Brasileiro. Rendas com negociações de atletas também cresceram por conta do mercado chinês. No geral, os clubes brasileiros ganharam mais dinheiro em um ano de crise do país.

"Houve uma maior repatriação de jogadores, além de entrada maior de jogadores da América do Sul com a mudança da regra da CBF que permitiu mais estrangeiros", explicou o presidente da Associação de Agentes de Futebol, Jorge Moraes. "Costumo negociar mais jogadores para o exterior, mas agora houve mais clubes do país buscando trazer jogadores de fora."

O dinheiro arrecadado com a venda de atletas continua bem maior do que o gasto com a compra no país. Os clubes ganharam R$ 654 milhões em transações, valor inferior ao obtido em 2015 quando foram R$ 680 milhões. Ou seja, em 2016, os clubes brasileiros investiram cerca de um terço do que ganharam com contratações, enquanto antes essa relação era de seis por um.

 

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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