CBF, é hora de coçar o bolso e pagar o árbitro de vídeo
rodrigomattos
25/02/2017 04h00
A falha do árbitro Thiago Ribeiro ao confundir os jogadores do Corinthians e expulsar Gabriel equivocadamente é só o momento mais bizarro do apito nacional, longe de ser exceção. A cada Estadual, a cada Brasileiro, os nossos árbitros não enxergam ou ignoram seguidos lances. São culpados só em parte, sendo os maiores responsáveis a CBF e a federação que não lhes dão nem suporte, nem o profissionalismo já difundido na Europa.
É neste contexto que a confederação tem postergado o momento de introduzir o árbitro de vídeo nos campos nacionais. Após sugerir a medida à Fifa, a CBF reluta em aplica-la porque não quer desembolsar os R$ 15 milhões ou R$ 20 milhões necessários por ano para o Brasileiro. Há outras desculpas, como discussões com a Fifa, mas o motivo financeiro é o real entrave.
Não se trata de uma entidade pobre como se sabe. A receita da CBF girava em torno de R$ 500 milhões considerado o último número conhecido, de 2015. Pode ser que caia a renda pelo abandono de seus patrocinadores após o escândalo de corrupção em que se mateu, mas fato é que sobra dinheiro em caixa.
Ainda assim, a confederação não quer profissionalizar os árbitros e joga o árbitro de vídeo talvez para o Brasileiro-2018 por economia. Nos Estaduais, então, a aplicação deles parece ainda mais remota se não impossível a curto prazo. Mas que pelo menos tenhamos o recurso no campeonato mais nobre do país onde também se verificou outra bizarrice quando Sandro Meira Ricci deixou um Fla-Flu suspenso por 12 minutos para tomar uma decisão.
Se a CBF não quer gastar com arbitragem, muito bem. Que libere os clubes para organizarem suas ligas e deixe que eles usem os recursos do campeonato para bancar uma arbitragem decente. Ou a confederação coça o bolso para gastar com o que realmente importa – o futebol brasileiro em campos brasileiros – ou que largue o osso.
O que não dá mais é para clássicos regionais ficarem submetidos a erros grosseiros como os cometidos pelo árbitro do Derbi. Um juiz que demonstrou o mesmo tipo de miopia do que…a CBF.
Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
Sobre o Blog
O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.