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Globo tinha contrato com empresa de delator e pagava pouco por Libertadores

rodrigomattos

15/11/2017 04h00

A Globo comprava os direitos de transmissão da Libertadores da empresa que era controlada pelo executivo Alejandro Burzaco, que acusou a emissora de pagar propina a cartolas sul-americanos. A emissora brasileira pagava um valor abaixo do padrão do mercado brasileiro pela competição. É o que mostram documentos obtidos pelo blog. Em comunicado, a emissora negou pagamento de subornos a dirigentes.

Burzaco é ex-executivo da empresa argentina Torneos Y Competencias que negociava direitos de transmissão de jogos. À Justiça norte-americana, confessou ter pago subornos a dirigentes, aceitando quitar uma multa de US$ 21 milhões. Por isso, foi obrigado a depor à corte nova iorquina sobre as irregularidade no processo do caso Fifa que julga dirigentes, inclusive o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

Em parte do depoimento, Burzaco afirmou que seis empresas de mídia pagaram propinas por direitos da Conmebol, entre elas a Globo, a Fox Sports, Televisa, Media Pro, Full Play e Traffic. Não especificou porque direitos e a quem teriam pago subornos.

Pois bem, a Torneos, empresa de Burzaco, era dona de parte da empresa T & T Sports Marketing BV, com sede na Holanda. Essa empresa adquiriu todos os direitos da Libertadores. Documentos obtidos no caso "Panama Pappers" mostram que a Globo e a T & T mantinham relação contratual por 11 anos, de 2005 a 2016 quando foi rompido elo pelo escândalo na Conmebol. Em média, a emissora pagou US$ 16 milhões por ano pela Libertadores.

O último contrato entre as partes gerou uma disputa judicial no Brasil. Ali estava o contrato entre Globo e T & T da Libertadores obtido pelo blog. Pelo acordo, a emissora só pagava o valor de US$ 10,8 milhões anuais entre 2015 e 2018 por toda a Libertadores. Era metade do montante dado pela Globo pelo Campeonato Paulista neste período.

Quando estourou o escândalo na Conmebol, a Globo foi à Justiça para tentar manter seu contrato com a T & T como válido, apesar de a empresa já figurar como envolvida em corrupção. Ao final, a Conmebol reformou os contratos da Libertadores e a Globo fechou novo acordo diretamente com a Fox. A disputa judicial foi extinta. Não se sabe o valor atual pago pela emissora pela competição sul-americana.

Em nota, a Globo negou as acusações de Burzaco. É preciso ressaltar que a empresa não figura entre as acusadas de pagar propina no processo da Fifa até agora. Aqui a nota da emissora:

"Sobre depoimento ocorrido em Nova York, no julgamento do caso Fifa pela Justiça dos Estados Unidos, o Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos que correm na Justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos. Por outro lado, o Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra. Não seria diferente, mas é fundamental garantir aos leitores, ouvintes e espectadores do Grupo Globo que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige."

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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