Pena ao Fla? Conmebol vê vergonha em confusão na final, mas costuma aliviar
rodrigomattos
15/12/2017 04h00
A diretoria da Conmebol ficou impressionada com os problemas de violência que cercaram a final da Sul-Americana entre Flamengo e Independiente. Um dirigente da entidade chegou a classificar a operação do jogo como uma vergonha. Isso poderia gerar a expectativa de punição dura para o time carioca em competições sul-americanas. Mas o padrão do tribunal da entidade tem sido ser brando com os clubes.
Lembrando, na madrugada do jogo, a torcida do Flamengo soltou rojões e ameaçou invadir o hotel do Independiente. No dia da partida, houve diversos incidentes em volta do estádio com agressões entre rubro-negros e argentinos, bombas, invasões ao Maracanã e pedras no ônibus do time argentino.
A Conmebol já tinha aberto procedimento disciplinar para apurar incidentes no hotel, e o deixou aberto para incluir o que ocorreu no estádio. E chamou atenção o pouco policiamento visto no Maracanã. Há uma decisão da cúpula da Conmebol de ser dura com casos de violência para melhorar a imagem da competições sul-americanas.
Só que não é o que se tem visto nas punições do tribunal durante a temporada de 2017. Em pesquisa na unidade disciplinar da Conmebol, a maior punição a clubes na Sul-Americana e Libertadores neste ano foi ao Peñarol com um jogo em portões fechados e multa de US$ 150 mil. O clube uruguaio foi punido em pancadaria generalizada em jogo contra o Palmeiras, quando seus torcedores avançaram sobre setores para agredir os palmeirenses. Confrontos também ocorreram em campo.
Nesta ocasião, o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, afirmou que o caso era uma vergonha, em entrevista ao "Sportv".
Outro exemplo: o Indepediente, que pediu dureza em punição ao Flamengo, foi punido apenas com uma multa de US$ 8 mil após um confronto entre suas organizadas (a barrabrava) com a polícia em jogo contra o Tucumán, pela Sul-Americana. Na ocasião, 120 torcedores foram detidos.
O código disciplinar da Conmebol permite uma ampla gama de punições, desde advertência até perda de pontos e negativa de licença para participar de competições. As penas mais comuns, no entanto, são as multas. Essas giram entre US$ 5 mil até US$ 150 mil, valor máximo encontrado neste ano entre os 21 casos. O caso do Flamengo será analisado na comissão disciplinar e posteriormente julgado no tribunal, no qual há duas instâncias.
Além do clube carioca, há dois procedimentos disciplinares contra o Independiente, um por racismo na partida de ida e outro por incidentes no estádio e no hotel do Flamengo.
Em uma nota oficial, a diretoria do clube atribuiu os incidentes no jogo a torcedores sem ingresso, a vândalos em meio à torcida organizada e à falta de contingente da Polícia Militar. O Flamengo lembrou que houve menos policiais do que em operações da Copa do Mundo. Já o Gepe (Grupo Especial de Policiamento nos Estádios) disse que cartões corporativos de sócios usados pelas organizadas facilitam o acesso a torcedores sem ingresso. A realidade é que não houve nenhum perímetro em volta do estádio para triagem de quem tinha bilhete.
Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
Sobre o Blog
O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.