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Improviso de Carpegiani foi erro decisivo de Rodrigo Caetano no Fla

rodrigomattos

30/03/2018 04h00

Ao abandonar o clube no início do ano, Reinaldo Rueda complicou a temporada de 2018 do Flamengo. Diante do problema, a diretoria do clube tinha duas vias: escolher um substituto com calma diante da falta de opções ou se virar rápido com um dos disponíveis. Optou pelo segundo caminho muito por influência do ex-diretor Rodrigo Caetano, que é próximo de Paulo César Carpegiani, com a concordância da cúpula rubro-negra. Não deu certo.

Primeiro, é preciso que se diga que toda demissão de técnico após apenas três meses é uma admissão de que houve um equívoco na escolha feita por Caetano e pelo presidente Eduardo Bandeira de Mello. É neste quadro que se encaixa a saída de Carpegiani ainda no final de março depois de uma queda no Estadual.

Antes de voltar ao Flamengo, Carpegiani tinha um currículo absolutamente pálido nos últimos 20 anos. Nenhum título nacional relevante, nenhum trabalho marcante em um grande clube, apenas algumas passagens razoáveis aqui e ali. Sua última lembrança realmente positiva foi no comando do Paraguai na Copa-1998.

Não necessariamente o Flamengo teria de buscar um medalhão. Mas, se não era alguém com resultados, teria de procurar alguém com potencial, ideias novas. Nada do que Carpegiani tenha apresentado recentemente era particularmente inspirador. A passagem no Bahia era só ok.

Caetano, que já estava bastante desgastado com parte dos dirigentes do Flamengo, tinha sondado o treinador para ser coordenador do clube. Um cargo com bem menos pressão. Diante da saída de Rueda, engatilhou-o como técnico para resolver rápido. O ex-diretor de futebol do Flamengo iniciou sua carreira como executivo no clube de Carpegiani, o RS Futebol Clube.

As soluções ágeis são uma característica da gestão de Caetano, mas nem sempre primam pela criatividade. Quando saiu Muricy, ele queria Abel Braga e ficou com Zé Ricardo porque este se estabeleceu. Na queda de Zé, tinha preferência por Roger e só a recusa deste levou parte da diretoria a pedir por Rueda.

Nas contratações não foi diferente. Caetano é um hábil negociador e goza de prestígio no mercado para abrir portas. Também organiza o departamento de cima a baixo. Mas, no Flamengo, sempre mirou em medalhões e pouco garimpou jogadores mais desconhecidos com potencial.

Claro, o clube passou a ter mais recursos e tinha que investir, mas nem sempre o mais caro é o melhor. No mercado sul-americano, por exemplo, trouxe Mancuello, Donatti, Traucco, Berrío e Cuellar, todos caros. Apenas os dois últimos de fato têm dados positivos, sendo que Berrío se contundiu e ficará oito meses fora (fatalidade diga-se). Os dois primeiros fora vendidos e o último é reserva.

Por aqui, quando apostou em nomes de médio porte, Caetano errou: casos de Renê, Rodinei e Muralha. Houve acertos, sim, em jogadores como Diego e Guerrero, de grande nome, que tiveram boas atuações pelo time, embora não sejam unanimidade. Mas Éverton Riberto, contratação mais cara, tem capengado. Nem se fale de Rômulo, com salário astronômico e relegado ao ostracismo no clube.

Óbvio que isso não é culpa apenas de Caetano. Vários desses jogadores eram, sim, pedidos pela torcida e especialistas os viam como boas apostas. E é normal se errar em algumas contratações, assim como não se pode ganhar todos os campeonatos disputados.

Mas, se no conjunto constantemente um time é derrotado, há responsabilidade da gestão. Em três anos e três meses, o Flamengo na administração de Caetano ganhou apenas um Estadual. Só disputou o Brasileiro de fato em 2016, e chegou a duas finais em que perdeu. É pouco para o segundo maior investimento do país e para a estrutura fornecida.

Diante desse cenário, errar a escolha de um técnico acabou sendo fatal. Há méritos na carreira do executivo no futebol, mas é difícil argumentar contra resultados tão negativos a longo prazo no Flamengo.

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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