Com dívida reduzida, Fla já pode financiar seu estádio: problema é projeto
rodrigomattos
06/05/2018 00h23
O balanço do Flamengo de 2017 mostrou uma redução da dívida líquida de cerca de metade da receita anual do clube. Isso dá condições financeiras à agremiação rubro-negra de financiar o projeto de de construção de estádio, na avaliação da diretoria. O problema é que o projeto estudado emperrou e há complicações para se encontrar uma alternativa.
Os números financeiros rubro-negros mostram uma dívida líquida de R$ 335 milhões (passivo menos ativo circulante). Esse valor é apenas 0,52 da última receita anual que foi de R$ 649 milhões. Ressalte-se que a renda total foi inflada pela venda de Vinicius Jr, mas o padrão do Flamengo é pouco abaixo de R$ 500 milhões.
Como a maior parte da dívida é pública, e está negociada no Profut, o Flamengo ganha capacidade para fazer um financiamento para construir seu estádio. O presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, confirmou que já existe possibilidade de obter empréstimo para tocar o projeto, sem ainda avaliar o quanto poderia levantar.
"Depende do valor do investimento, do prazo e da taxa de juros. E, é claro, do retorno projetado. O importante é que chegamos a um patamar de saúde financeira impensável há alguns anos atrás e que nos permite trabalhar com esse cenário", explicou Bandeira.
Uma estimativa inicial na diretoria era de um custo em torno de R$ 500 milhões e R$ 550 milhões para o projeto que se desenhava em terreno na Av Brasil. Para isso, seria necessário um financiamento de pelo menos R$ 400 milhões, similar ao valor levantado pelo Corinthians com o BNDES para sua arena.
A questão é que o projeto da Av Brasil tornou-se bastante difícil. Há questões como uma rodovia prevista que passará ao lado do terreno, além de complicações com os atuais donos do terreno. O Flamengo não exerceu sua preferência de compra e o negócio ficou parado. Só uma reviravolta surpreendente fará esse projeto se tornar viável.
Assim, o clube passou a procurar outros terrenos, na Barra da Tijuca, no centro do Rio e até em zonas mais afastadas. Não encontrou até agora soluções satisfatórias. Na Gávea, a ideia seria um estádio menor que implicaria no uso do Maracanã.
Em paralelo, o governo do Estado continua enrolando com a licitação do Maracanã sem perspectiva real de ser lançada em futuro próximo. Em uma segunda hipótese, o Flamengo poderia investir para fazer mudanças no Maracanã para torna-lo mais rentável como a criação de áreas comerciais e retirada de cadeiras do setor Norte.
Todas essas possibilidade, no entanto, não têm perspectiva de se resolverem com rapidez. "Não depende só de nós. Mas queremos deixar a solução encaminhada", disse Bandeira, cujo mandato vai até o final do ano. Na situação atual, o Flamengo teria como financiar seu estádio, mas não tem um projeto viável onde investir.
Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
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O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.