São Paulo repete Flamengo-2018 ao adotar a gambiarra como técnico
rodrigomattos
15/02/2019 10h30
Não tem nem 20 dias e o presidente do São Paulo, Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, dizia no Rio de Janeiro para este blogueiro e colegas que o clube tinha histórico de dar estabilidade a técnicos. Nesta quinta-feira, o mesmo dirigente anunciou um plano pelo qual terá três treinadores em seis meses: o demitido (ou recolocado) André Jardine, o interino Vagner Mancini e o futuro Cuca se a saúde assim permitir – fica aqui a torcida por sua recuperação.
Jardine era um técnico da base que subiu como auxiliar aos profissionais e foi efetivado no ano passado. Está claro que, independentemente de suas qualidades e defeitos que ainda podem lhe render uma boa carreira, não estava preparado para o cargo. Mas foi nele que o São Paulo apostou em um temporada que tinha uma decisão logo no início de fevereiro. Perdida a Libertadores, ele se foi.
À procura de um técnico, o São Paulo optou por Cuca só que a saúde não lhe permite assumir agora e Mancini entra como interino. O mesmo Mancini que foi contratado como coordenador e não era nem cogitado para treinador pela "diretoria-que-tem-histórico-de-segurar-técnicos". Há a promessa de que ele volta a ser coordenador depois. Soa como uma gambiarra e é. (Aqui não se trata da qualidade de Mancini, mas da forma como foi escolhido)
A diretoria são-paulina poderia ter aprendido com a experiência do Flamengo no ano passado, clube que também optou por improvisar no cargo de técnico. Ao perder o colombiano Rueda para a seleção chilena no início de 2018, o clube não sabia quem contratar. Optou por efetivar Paulo Cesar Carpegiani que fora contratado inicialmente para ser… coordenador técnico.
Uma eliminação no Carioca tornou breve a passagem do treinador Carpegiani que nunca se tornou o coordenador Carpegiani. Adiado o problema durante dois meses, o Flamengo voltava a procurar de técnico. Houve quem não quisesse, houve quem a torcida não quis. Sem um nome, quem assumiu foi Barbieri, auxiliar de Carpegiani. Mais um auxiliar que ascendia. Aparentemente, ser coordenador ou auxiliar em clubes no Brasil é tipo ser vice-presidente da república: há grande chance de assumir a prancheta ou a faixa.
Deu certo durante um bom período do ano em que o Flamengo jogava bem e foi líder do Brasileiro, Barbieri se transformou de interino em efetivo e acabou demitido no final pela queda de rendimento. Assumiu Dorival Jr para durar mais uns meses e dar lugar a Abel Braga em 2019. Foram quatro técnicos na temporada rubro-negra do ano passado, o São Paulo já garantiu três ainda em fevereiro.
Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
Sobre o Blog
O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.