Brasileiro inicia sem vender parte de seus direitos por confusões da CBF
rodrigomattos
28/04/2019 04h00
O Brasileiro começou neste final de semana sem que tenham sido concluídas as negociações dos direitos internacionais e de parte das suas placas. Isso ocorre por conta de falhas e mudanças nas regras feitas pela CBF dentro dos processos de concorrências.
Com os novos contratos de televisão, a Globo e os clubes negociaram para deixar esses ativos do lado de fora para serem negociado em senado. No meio de 2018, a CBF chamou as agremiações para unificar um acordo para toda a Série A.
A entidade fez uma concorrência que terminou como vencedora a BRFoot, que exploraria placas e os direitos internacionais. A empresa não pagou e o contrato foi cancelado. Iniciou-se novo processo em 2019, desta vez, com supervisão da Ernst & Young.
Na concorrência, a CBF e os clubes aceitaram a proposta da Sport Promotion (R$ 160 milhões/ano) que tinha menor valor do que o do fundo Prudent (R$ 230 milhões). Havia duas alegações: contrato mais curto e a redução das propriedades. O fundo Prudent queria incluir a exploração de site de apostas.
Pois bem, a Ernst & Young informou que o contrato tinha sido assinado, e o contrato seria liberado quando os clubes confirmassem. Só que, em reunião no dia de 22 de abril, a CBF informou os clubes que a Sport Promotion também incluiria em seu contrato sites de apostas, como informou a "Folha de S. Paulo" e confirmou o blog.
Ou seja, na prática, as regras da concorrência organizada pela CBF mudaram durante o processo: foi negado à empresa Prudent os direitos a apostas, e sugerido que fosse aceito no caso da Sport Promotion. A CBF comunicou aos clubes que haverá nova reunião na terça-feira para os clubes confirmarem ou não se aceitam.
No comunicado aos clubes, está escrito: "A EY se posicionou frente ao consórcio e também na comissão que o referido direito estava excluído tanto do edital quanto da minuta contratual e que na visão de conformidade o processo estava prejudicado considerando principalmente a falta de isonomia frente ao concorrente que participou do processo. Foi colocado também pela EY que qualquer alteração deveria ter a aprovação formal de todos os Clubes envolvidos."
A partir daí, a CBF coloca três opções: chamar novamente a Prudent, cancelar todo o processo ou aceitar a Sport Promotion com as apostas. Em reuniões, a CBF tem tentando convencer os clubes a fechar assim mesmo com a Sport Promotion. A empresa tem um histórico de ligação com dirigentes da CBF com contratos com a FPF e a CBF nas gestões de Marco Polo Del Nero.
Há clubes que apontaram a contradição da CBF de aceitar regras para uma empresa, e não aceitar para outra. Com isso, alguns clubes não aceitam assinar o novo contrato como fica claro no comunicado da CBF que diz que esses não assinaram o documento em 48 horas. Por isso, a confederação tenta marcar nova reunião para convence-los.
No processo das placas, a Sport Promotion também ganhou a concorrência, mas uma parte dos clubes não pretende assinar. Segundo o blog apurou, cerca de metade dos times deve aceitar o acordo que prevê ganho de R$ 2,7 milhões para cada um. O Flamengo e o Corinthians têm previsão de ganhar R$ 12 milhões pela mesma propriedade, pela mesma Sport Promotion.
No final das contas, as duas concorrências da CBF não foram capazes de vender dois ativos importantes do Brasileiro que estão em aberto com o Brasileiro iniciado.
Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
Sobre o Blog
O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.