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Em estreia, Jesus ensaia futebol em vertigem no Flamengo

rodrigomattos

11/07/2019 04h00

O primeiro jogo do Flamengo sob o comando de Jorge Jesus entregou o que se esperava dele: uma futebol em vertigem que deixa o torcedor rubro-negro carioca com o coração na boca, na defesa e no ataque. O sistema ensaiado é ofensivo, acelerado, intenso, bem oposto das ideias de antecessores.

Como o rival Athletico de Tiago Nunes é um time também vertical, o resultado foi uma partida em que a bola não parava, e um jogo que o torcedor não podia abandonar a sala para pegar uma cerveja. Foram mais de 20 finalizações, com a impressão clara de que a qualquer momento poderia sair gol.

Obviamente, o Athletico, construído há um ano, era um time melhor organizado e consolidado do que o Flamengo, um ensaio de 20 dias de Jesus. Por isso, foi o time paranaense que sufocou o rival a maior parte do tempo, seja com as bolas longas do primeiro tempo, seja ao empurrar o time carioca para sua área no segundo.

A novidade era o Flamengo. O time apresentado por Jesus tinha um marcação alta como nunca, 4-4-2 como há muito não jogava (ou 4-1-3-2 no ataque), defesa em linha e avançada, jogo acelerado com a bola sem posse excessiva. Um ideia diferente da equipe que controlava a posse em 2018, ou da proposta meio reativa, meio disforme de Abel Braga.

Só que isso exige tempo para ser construído. A linha de defesa do Flamengo dava enormes espaços, especialmente nas costas dos laterais. Havia um problema porque Vitinho e Arrascaeta não conseguiam cumprir a função de ajudar os laterais, e Rodinei estava perdido em sua posição.

Outras questões eram as ausências de Diego e Everton Ribeiro, sem condições físicas plenas para começar, com a entrada de Arão como segundo volante, e Arrascaeta aberto na esquerda, e Vitinho na direita. Sem os dois meias, o time rubro-negro fica naturalmente mais desorganizado, e o novo sistema acentuou essa questão. Foi acaso o Flamengo sair com o empate no primeiro tempo.

Após o intervalo, o gol atleticano parecia que daria o time local uma vantagem maior com o tempo. Só que o Flamengo reagiu com o gol de Gabriel e com as voltas de Diego e Everton. Um deles entrou no lugar de Cuellar com Arão passando a primeiro volante, uma substituição que revela mais a mudança do Flamengo, agora ofensivo. E teve um período de predomínio no jogo, jogando bem vertical nas costas da defesa atleticana.

Mas o Athletico voltou a se impôr como o melhor time em campo, e Jesus, ao final, resolveu se acomodar com mais um volante em Piris da Motta para garantir o empate. É um Flamengo em transição, nem é o time de Abel, e ainda caminha para ser o de Jesus. Se vai dar certo ou não, veremos no futuro. Certo é que o torcedor rubro-negro pode esperar ter a sensação frequente de vertigem. E isso é bem melhor para a modorra que às vezes domina os campos nacionais.

PS Sobre os lances de arbitragem, o juiz errou ao não marcar mão de Diego Alves fora da área, que, na minha opinião, não seria para expulsão. Não está claro que Cirino dominaria a bola pois ele não a controlava para ser um chance clara de gol. De resto, acertou com ajuda do VAR em lance interpretativo na falta em Rodrigo Caio, antes de pênalti em Cirino.

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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