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Jesus recuperou o Flamengo sem medo para levá-lo à semi da Libertadores

rodrigomattos

29/08/2019 04h00

Eram 5min no Beira-Rio e o Flamengo tinha concluído duas vezes ao gol do Inter uma delas com Gabigol frente a frente com Lomba. Isso porque o time carioca chegava ao Beira-Rio com dois gols de vantagem no confronto. E, mesmo assim, não abdicou de jogar em nenhum momento.

Há vários méritos no trabalho tático e na estratégia do técnico Jorge Jesus. Mas talvez a principal qualidade dele é que sua filosofia ofensiva, já aplicada nos times europeus, se encaixa perfeitamente com a história rubro-negra.

O Flamengo não é um clube que nasceu para se defender. Quando uma equipe rubro-negra entra em campo para empatar, somente para evitar gols, esta se torna um "não-Flamengo". Não é uma exclusividade do time carioca esse DNA, ocorre o mesmo com o Santos e o Cruzeiro (sim, Mano Menezes de certa forma era o anti-Cruzeiro).

Voltemos ao Flamengo. Pois o time rubro-negro sempre que entrou na Libertadores nesses últimos 35 anos era como aquele sujeito tímido no canto da festa. Pedia por favor para chamar alguém para dançar.

Em casa, o Flamengo até se impunha, ganhava os rivais, abria avantagem (meteu dois no Boca Juniors no Maracanã em 1991). Mas recuava até tomar a virada (eliminação para o San Lorenzo) ou era intimidado (queda para o Boca) ou se atrapalhava com dificuldades mínimas (desclassificações na primeira fase para times de menor expressão).

Pois Jesus botou o Flamengo para controlar o jogo no Beira-Rio. E por 45 minutos teve o domínio absoluto da partida. Tocava a bola com mais posse, não era pressionado pelo Inter, e teve melhores chances de marcar. O time não abdicou da marcação à frente que impedia a saída de bola colorada, nem de sair jogando. Destaque para Gerson, um meio-campista que demonstrou raro domínio do setor sob pressão.

Quando percebeu que daquele jeito se encaminhava para uma eliminação apática, Odair Hellman jogou seu time para cima com Nico Lopez e depois Wellington Silva. Empurrou o Flamengo para trás, matou sua saída de bola e desenhou o jogo à feição do Inter.

Mas o time rubro-negro soube viver seu pior momento. E, ao Inter, faltou uma estratégia ofensiva mais elaborada além do abafa e maior participação de seu atacante Guerrero, anulado em atuações brilhantes de Rodrigo Caio e Pablo Marí.

Com o Inter exposto, o Flamengo não abriu mão de contra-atacar e foi com campo disponível que Bruno Henrique deu a arrancada final para o gol de Gabigol na terceira chance clara que teve. Ou seja, jogando fora, o centroavante rubro-negro teve três bolas de frente para o goleiro. Definitivamente, não é usual em um time brasileiro que joga fora na Libertadores.

Não é possível comparar esse time rubro-negro de Jesus com o maior da história do clube que ganhou a Libertadores em 1981. É possível, sim, dizer que como aquela equipe o Flamengo atual joga em qualquer campo como Flamengo.

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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