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Sacode do Flamengo expõe abismo entre trabalhos de Jesus e Felipão

rodrigomattos

02/09/2019 04h00

Antes da Copa América, houve quem decretasse o bicampeonato do Palmeiras como fato consumado. O time alviverde praticava o futebol defensivo e de repertório ofensivo limitado do título de 2018. Santos e Flamengo buscavam alternativas diferentes em técnicos estrangeiros. O jogo entre os times rubro-negro e alviverde revela um abismo entre as duas propostas.

De início, lembremos que Jorge Jesus chegou ao Flamengo para seu primeiro treino há dois meses e dez dias. O primeiro treino de Felipão no Palmeiras tem um ano e dois meses. Em tese, o time alviverde deveria ser a equipe mais madura em campo.

Após a eliminação para o Grêmio, em que foi criticado por seu defensivismo, o técnico alviverde optou por uma formação com três volantes, Felipe Mello, Matheus Fernandes e Bruno Henrique. Tinha atacantes velozes para sair quando retomasse a bola. Armou o time, mais uma vez, para ser agressivo na marcação e jogar no espaço do rival.

O Flamengo de Jesus era o de sempre, o time que pressiona o rival em seu campo, joga com a linha avançada, troca constantemente o posicionamento de seus atletas, e até seu esquema. Nunca abdica de jogar.

De início, nem parecia que seria um massacre. O Palmeiras, que até conseguiu um gol anulado com agressividade na marcação, passou a ser envolvido pelo Flamengo com toque de bola. A bola girava de Gerson, que deu uma aula de meio-campista, para Everton Ribeiro, e depois para Arrascaeta. E todos eles se mexiam e só restava aos volantes do Palmeiras bater.

Foi em uma retomada de bola de Arão que Bruno Henrique encostou, Arrascaeta achou de seus passes iluminados e Gabriel encobriu o goleiro Weverton como a calma de quem toma uma água de coco com brisa da praia.

O gol desmontou o Palmeiras porque Felipão não desenvolveu em seu time nenhuma ideia de como agir quando estiver em desvantagem. Sem saber o que fazer, os jogadores alviverdes decidiram assistir ao recital que dava o Flamengo. Havia momentos em que os rubro-negros passavam longos minutos com a bola no pé diante dos olhares atônitos dos palmeirenses.

Conseguiram no máximo um gol de cabeça corretamente anulado pelo VAR. Como se sabe, cruzamentos são algo que Felipão treina, bem, desde 1910.

O segundo gol parecia natural quando Bruno Henrique arrancou do meio-campo para acertar um cruzamento daqueles que só se dá um por temporada. Detalhe: estava ele pela ponta direita, posição que não lhe era natural antes, mas que é ali que vira e mexe a rotatividade do time de Jesus o coloca. Arrascaeta completou de cabeça.

Para um time do porte do Palmeiras, o que deveria se esperar após o intervalo era marcar na frente, tentar pressionar o adversário, tomar a bola para si para jogar, como fez o Inter aliás com menos recursos. Felipão trocou um volante por um meia e seu deu por satisfeito com a "ousadia".

O Flamengo passou a fazer até um jogo morno tal era o passeio. O Palmeiras não conseguiu nenhuma conclusão a gol realmente perigosa em todo o segundo tempo. Quando Bruno Henrique não pode continuar, Felipão optou… por outro volante, Jean. Um técnico do Madureira teria feito o mesmo para evitar a goleada.

O terceiro gol do Flamengo, diga-se, ocorreu em um pênalti que não foi falta, na minha interpretação. Tratava-se disso, interpretação. E o árbitro Rafael Traci, que erra muito, deu. Certamente não afetou o resultado do jogo, mas, sim, o placar.

Ao final, o Flamengo tirou o pé e curtiu o olé de sua torcida quando poderia ter tentado mais. Não foi a primeira vez que um time de Felipão teve a sorte de o rival tirar o pé. Talvez devamos lembrar mais da outra vez que isso ocorreu para ver se o futebol brasileiro anda para frente.

 

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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