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Torcida única para Palmeiras x Flamengo desequilibra e ameaça o Brasileiro

rodrigomattos

30/11/2019 04h00

A decisão da CBF de atender a Polícia Militar de São Paulo e determinar que o Palmeiras x Flamengo se realize com torcida única criou um desequilíbrio e uma ameaça eterna para o Brasileiro. Primeiro, estabelece condições desiguais para os dois times em um mesmo campeonato. E, a partir de agora, qualquer autoridade pública -seja polícia, seja Ministério Público – vai poder interferir o Nacional mesmo sem decisão judicial.

Vamos rememorar o caso para entender. A PM de São Paulo, com chancela do Ministério Público de São Paulo, recomendou a CBF que o confronto não tivesse torcida visitante. A alegação é de que investigações indicam que pode haver violência. As evidências, pela apuração do blog, são prints de conversas em redes sociais.

Bem, durante dois dias, a CBF tentou convencer a polícia do contrário. Mas, ao final, acatou e determinou o jogo só com torcida alviverde nesta sexta-feira. A questão é que, no primeiro turno, o Palmeiras teve 10% dos ingressos no clássico entre os dois no Maracanã. Ou seja, sem que nada tenha sido feito pelo Flamengo, o clube foi prejudicado com condições desiguais no Brasileiro diante do seu maior concorrente. O campeonato está decidido, fato, mas isso não mimosa a questão.

E como fica o princípio da reciprocidade previsto no regulamento? No próximo ano, o Flamengo poderá negar ingressos à torcida palmeirense no jogo no Maracanã?

Pior do que isso, uma decisão como esta cria uma eterna ameaça aos jogos do Brasileiro, da Copa do Brasil e da Libertadores. Imagine um São Paulo e Grêmio por uma semifinal da Copa do Brasil. O primeiro jogo ocorre com torcida são-paulina na Arena Grêmio. E aí o MP de SP e a PM decidem que há uma ameaça de briga por conversas na internet e pedem que gremistas não possam ir ao Morumbi. A CBF acata e desequilibra um confronto mata-mata.

Esse tipo de precedente é perigosíssimo. Sem decisão judicial, há uma interferência no equilíbrio do campeonato por opinião de um promotor ou policial, e por cautela da CBF. Em um limite, haverá uma instabilidade total dos campeonatos. Até porque autoridades de outros Estados podem repetir o ato em represália ou em cópia aos colegas paulistas.

Dito isso, está claro que a confederação errou ao aceitar a recomendação. Age por medo de ser responsabilizada por algum incidente de violência. Mas a responsabilidade por segurança é da PM-SP. Caberia à confederação informar aos policiais que eles cuidem da proteção aos torcedores que ela, CBF, cuida do Brasileiro.

 

 

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


Rodrigo Mattos