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Rodrigo Mattos

Libertadores fica mais rica para 2019, mas times brasileiros não perceberam

rodrigomattos

30/12/2017 04h00

Depois da transformação de 2017, em que virou anual, a Libertadores se prepara para uma nova revolução em 2019: uma mudança de patamar financeiro com aumento de ganhos. E, até agora, os clubes brasileiros tão ativos na briga por cotas no país não se mostraram interessados pelo tema. Foi o que se viu no sorteio da competição em dezembro.

A Conmebol já fechou um contrato com as agências IMG e Perform que dobra o valor total pago pela Libertadores, e Sul-Americana para 2019. Esse montante pode ser ainda maior dependendo da concorrência pelos direitos de televisão que vai ser estruturada neste primeiro semestre de 2018.

Os dados significariam, enfim, que os clubes poderiam ter acesso a cotas maiores pelas competições sul-americanas, uma reivindicação antiga de todos eles. Mas ainda não está claro como esse dinheiro será dividido.

No sorteio da Libertadores, antes do Natal, a Conmebol tinha uma previsão de realizar uma reunião da sua comissão de clubes para discutir temas como final única, e outros da competição. Não ocorreu. Nenhum clube brasileiro chegou mais cedo ou se interessou por se reunir para falar da nova Libertadores. Perguntei a vários dirigentes que desconheciam reuniões.

Um cenário diferente do meio do ano quando clubes brasileiros participaram e opinaram sobre temas relacionados às competições sul-americanas. Um funcionário da Conmebol me descreveu que os times pareciam mais interessados nas suas transações de jogadores do que em discutir qualquer outro tópico.

Ora, esse tema deveria ser prioridade para os clubes nacionais. A atual distribuição de cotas da Libertadores é extremamente prejudicial para os times brasileiros. O critério é de divisão igual por classificações por fases.

O mercado brasileiro representa entre 30% e 40% do total que a Conmebol pretende arrecadar com as duas competições com direitos de televisão e marketing. É quase igual a todos os outros países da América do Sul juntos, sendo o restante dividido pelo mundo.

Ainda assim, não há nenhuma previsão de distribuição de dinheiro da Libertadores por valor de mercado. Esse critério é comum na UEFA, na Liga dos Campeões, e mesmo no Brasil em relação ao Brasileiro com os itens como audiência ou exposição em TV Aberta. Sem isso, as TVs e empresas brasileiras devem dar mais dinheiro às competições sem que as equipes locais sejam beneficiadas.

Certamente haverá resistência de clubes de outros países em relação a uma reivindicação de times brasileiros por "dinheiro de mercado" da Libertadores. Mas, se há um momento em que os dirigentes nacionais podem iniciar essa discussão, é agora que o contrato para 2019 terá aumento de valor. Depois disso, será muito difícil mudar a regra. Há uma janela de oportunidade que os brasileiros não perceberam.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.